Enviado da ONU saúda início do cessar-fogo no Iêmen
Ismail Ould Cheikh Ahmed pediu respeito à medida que teve início à meia-noite; negociações de paz estão marcadas para 18 de abril, no Kuwait.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
O enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas para o Iêmen saudou a suspensão de hostilidades que entrou em vigor à meia-noite de domingo, 10 de abril.
Ismail Ould Cheikh Ahmed pediu a todas as partes do conflito que respeitem a medida, criando um ambiente propício para as negociações de paz marcadas para 18 de abril, no Kuwait.
Beira do Abismo
Em nota, Ahmed declarou que é "tempo para recuar da beira do abismo" no país.
O representante pediu aos envolvidos no conflito e à comunidade internacional que continuem firmes no apoio à medida para que esse possa ser o "primeiro passo" do retorno do Iêmen à paz que considera "fundamental, urgente e muito necessária."
Ajuda Humanitária
A proposta apresentada pelo enviado especial inclui compromissos para o livre acesso de ajuda humanitária a todas as partes no país.
Para ele, um resultado positivo nas negociações de paz vai exigir "compromissos difíceis, coragem e determinação" de todos os lados para se chegar a um acordo.
Crianças
A representante do secretário-geral sobre Criança e Conflito Armado, Leila Zerrougui, e o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, também reagiram à suspensão de hostilidades.
Um comunicado conjunto destaca que o cessar-fogo é uma oportunidade para que os envolvidos tomem medidas para melhorar a proteção das crianças.
Segundo o Unicef, 900 crianças foram mortas durante o conflito no país no ano passado, sete vezes mais em comparação a 2014.
O recrutamento infantil subiu cinco vezes, com 848 casos verificados. Os ataques a escolas e hospitais duplicaram e o número total ultrapassa 115.
Ponta do Iceberg
A agência menciona ainda que a interrupção na prestação de serviços básicos privou milhares de crianças dos seus direitos fundamentais à educação e à saúde.
Para o Unicef, os incidentes verificados pela ONU são a ponta do iceberg. No entanto, revelam estimativas de que as crianças representam cerca de um terço dos civis mortos no conflito e cerca de um quarto dos feridos.
A agência menciona também que ataques a infraestruturas civis, especialmente a escolas e centros de saúde, tornaram-se comuns.
O Unicef também citou o fato de que crianças estão desempenhando um papel mais ativo nos combates, nos postos de controle e na linha da frente.
Segundo o Fundo, estes fatores representam um padrão preocupante do flagrante desrespeito pelo direito internacional humanitário e pelos direitos das crianças no Iêmen.
Para a agência, tais padrões têm implicações de longo prazo para a estabilidade do país árabe e para o futuro dos menores.
*Apresentação: Laura Gelbert.
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