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Preços de cereais estão cinco vezes mais altos no Sudão do Sul desde 2015

Preços de cereais estão cinco vezes mais altos no Sudão do Sul desde 2015

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Estudo eleva receios de aumento da fome e desnutrição; quantidade de cereais é menos da metade do ideal;  PMA e FAO destacam fatores como conflito, crise económica e baixa produção.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

Um estudo lançado esta terça-feira revela que a situação de crise no Sudão do Sul é "marcada por níveis alarmantes de fome". Pelo menos 5,8 milhões de pessoas não sabem o que comer na próxima refeição.

O número corresponde a quase metade da população sul-sudanesa, de acordo com o Programa Mundial de Alimentação, PMA, e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.

Preços dos Cereais

O índice de insegurança alimentar grave atingiu 12%, que é o dobro da taxa registada há um ano. Os preços de cereais são cinco vezes mais altos do que há um ano, o que torna mais difícil o acesso aos alimentos.

O conflito civil e a falta de chuvas baixaram a produção agrícola e contribuíram para um deficit de cereais de 381 mil toneladas. O número corresponde a mais de 53% do que em 2015, no que revela o piorar da já grave escassez alimentar.

A diretora do PMA no Sudão do Sul, Joyce Luma, disse que as dificuldades do país, quando aliadas às difíceis condições económicas, agravam as lacunas e podem forçar mais gente a passar fome, além de aumentar a desnutrição.

Situação Alimentar

Ela destacou que o relatório deixa claro que "melhorar a situação alimentar requer uma resolução pacífica para o conflito ".

Já o representante da  FAO no país, Serge Tissot,  declarou que a insegurança alimentar chegou a áreas que antes eram consideradas relativamente estáveis.

A necessidade mais urgente é a melhoria imediata da segurança no país, o acesso e os recursos sustentados para a entrega de alimentos. A outra é apoiar o sustento a famílias mais vulneráveis nas áreas com os mais altos níveis de insegurança alimentar.

Sobrevivência

Com parceiros, as duas agências pretendem apoiar os esforços para aumentar a quantidade de alimentos, reforçar os meios de subsistência e construir resiliência.

No apelo humanitário para o Sudão do Sul, a FAO pediu US$ 45 milhões para ajudar 2,8 milhões de pessoas com sementes, ferramentas e insumos de produção. As ações pretendem manter o gado saudável e reforçar ações do governo para promover a segurança alimentar.

O PMA planeia conceder auxílio alimentar e nutricional a 3 milhões de pessoas, mas precisa de US$ 241 milhões para os próximos seis meses.

*Apresentação: Michelle Alves de Lima.

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O índice de insegurança alimentar grave no Sudão do Sul atingiu 12%, que é o dobro da taxa registada há um ano. Foto: FAO Sudão do Sul