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Cepal quer proteger avanços e impedir retrocessos sociais

Cepal quer proteger avanços e impedir retrocessos sociais

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Objetivo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe é fazer isso diante de um possível aumento da pobreza na região; em 2015, número de pessoas na pobreza aumentou para 175 milhões.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, Cepal, anunciou esta terça-feira que quer proteger os avanços sociais conquistados nos últimos anos e impedir retrocessos causados pela desaceleração econômica.

No relatório Panorama Social da América Latina 2015, lançado em Santiago, no Chile, a comissão calcula que o número de pessoas vivendo na pobreza no ano passado tenha subido para 175 milhões, cerca de 29,2% da população da região.

Indigentes

Houve um aumento considerável em relação a 2014, quando eram 168 milhões na mesma condição. O documento diz ainda que de pessoas consideradas indigentes passou de 70 milhões para 75 milhões durante o mesmo período.

A secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, disse que “se a região quer alcançar o primeiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, que é o de acabar com a pobreza em todas as suas formas, a América Latina deve gerar mais empregos de qualidade”.

Bárcena disse ainda que esses novos postos de trabalho devem ter direitos e proteção social, preservar o salário mínimo e proteger também o gasto social, que registrou uma queda.

Para a chefe da Cepal, “é urgente explorar novas fontes e mecanismos fiscais de financiamento que tornem sustentáveis a política social e os avanços da última década”.

Pobreza

Entre 2002 e 2012, a pobreza na América Latina e no Caribe diminui mais de 15 pontos percentuais. No início dos anos 90, os gastos sociais representavam mais de 12% do Produto Interno Bruto, PIB, da região. Em 2014, o índice chegou a quase 20%.

O relatório diz que em 2023, a região passará de uma “sociedade juvenil” para uma “sociedade de jovens adultos”. Já em 2045, terá início a fase da “sociedade adulta” passando para uma “sociedade envelhecida” a partir de 2052.

Segundo a Cepal, o bônus demográfico, que é o período em que a população com idade de trabalhar e maior do que a população dependente, deve continuar pelos próximos 15 anos.

Na opinião dos especialistas, isso abre uma grande oportunidade de investimento em áreas como educação e saúde.

Renda

O Panorama Social da América Latina cita ainda a distribuição de renda dizendo que ela melhorou na maioria dos países da região.

Em relação à educação, apesar dos avanços registrados no acesso e conclusão aos ensinos primário e secundário, “persistem lacunas significativas”.

O relatório mostra que 80% dos jovens de poder aquisitivo mais elevado concluíram a educação secundária em 2013, mas esse índice cai para 34% entre os mais pobres.

Como 80% da renda total das famílias latino-americanas são geradas pelo trabalho, a Cepal reforça a importância do emprego de qualidade, com direitos e proteção social, como a “chave para a igualdade, integração e cidadania”, entre outros.

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Secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena. Foto: Cepal/Carlos Vera