Evento na Nações Unidas discute direitos das mulheres em África
Painel acontece no âmbito da 60ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, CSW; em entrevista à Rádio ONU, ministra da Família e Promoção da Mulher de Angola, Filomena Delgado, falou sobre a situação no país.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Um evento de alto nível esta quinta-feira na sede da ONU, em Nova Iorque, discute oportunidades e desafios em relação aos direitos das mulheres em África.
O painel acontece no âmbito da 60ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, CSW. O tema do encontro este ano é o empoderamento das mulheres e sua ligação com o desenvolvimento sustentável.
Angola
A chefe da delegação angolana na CSW e ministra da Família e Promoção da Mulher, Filomena Delgado, falou à Rádio ONU sobre a situação de Angola.
“Nós estamos bem em termos de empoderamento político da mulher porque na vertente dos direitos civis e políticos, essa matéria é muito mais fácil ser tratada, há o envolvimento direto dos partidos políticos, tem as cotas reservadas para a participação no executivo, no parlamento, nos governos locais. Agora, se nós estivermos a falar do empoderamento social e económico, aí sim temos muitos problemas, temos muito o que fazer ainda.”
Mulher Rural
A ministra angolana destacou a situação da mulher rural, que segundo ela, ainda é mais difícil do que a das habitantes das zonas urbanas.
Ela ressaltou a questão do acesso ao crédito e a terras porque “ainda, no aspecto tradicional, muitas das mulheres dependem da autorização dos seus esposos ou dos pais para poderem herdar pedaços de terra”.
Gravidez Precoce
Filomena Delgado mencionou ainda a questão de casamento e gravidez precoces entre as raparigas e seu impacto na paridade entre meninos e meninas no acesso à educação.
“Estamos quase a atingir a paridade no ensino primário e secundário, digo quase porque temos um fenómeno agora com gravidezes precoces, casamentos precoces. Muitas meninas estão a abandonar a escola, mas também estamos a fazer o esforço para reverter essa situação com o lançamento de uma campanha contra as gravidezes e casamentos precoces, portanto esperamos que a breve trecho possamos fazer regredir esse índice que neste momento é crescente de meninas a abandonarem a escola por estes fenómenos”.
A ministra angolana agregou preocupação com o alto índice de mortalidade juvenil já que, segundo a representante, “muitas destas meninas que engravidam e têm filhos prematuramente também acabam por morrer”, ou a mãe ou o bebé.
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