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Irã executou mais de 960 prisioneiros somente no ano passado

Irã executou mais de 960 prisioneiros somente no ano passado

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Relator da ONU para os direitos humanos no país afirma que índice foi o mais alto dos últimos 10 anos; Ahmed Shaheed lamenta que 16 jovens delinquentes foram enforcados entre 2014 e 2015; ele pede o fim da prática.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O relator independente da ONU para os direitos humanos no Irã está chamando a atenção para as taxas “extremamente altas” de execuções no país, especialmente de jovens.

Somente no ano passado, o Irã executou 966 prisioneiros, o índice mais alto em 10 anos, segundo o relator Ahmed Shaheed. Ele apresentou esta segunda-feira seu relatório ao Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.

Jovens

Entre 2014 e 2015, 16 jovens que cometeram crimes foram enforcados no Irã, que continua sendo um dos poucos países que executam jovens, apesar da lei internacional proibir a prática de forma rigorosa.

Shaheed pede aos líderes iranianos que garantam, de uma vez por todas, que nenhum garoto ou garota com menos de 18 anos seja condenado à morte. O relator nota também várias falhas na justiça criminal do país.

Barreiras

O Irã tem leis que violam as obrigações que o país tem de seguir perante às legislações internacionais de direitos humanos. O especialista destacou que indivíduos acusados de crimes ligados às drogas ou à segurança nacional são muitas vezes privados dos direitos mais básicos durante o processo e o julgamento.

Ahmed Shaheed cita que muitos acusados não tiveram acesso a advogados, ficaram sem poder se comunicar por longos períodos enquanto estavam detidos, sofreram tortura ou outros tratamentos crueis e houve casos de confissões forçadas.

Convite

O relatório dele cobre outras áreas de direitos humanos, como liberdade de expressão, de associação, direito a eleições justas e livres e direitos das mulheres e de minorias religiosas.

Shaheed reconhece que o governo do Irã está cooperando com seu mandato e com órgãos da ONU ligados aos direitos humanos, mas ele pede aos líderes do país que aumentem o engajamento, e convidem o relator para uma visita oficial.

Photo Credit
Farida Shaheed, antigo relator independente sobre direitos culturais. Foto: ONU/Amanda Voisard