Educação: a chave para prevenção e combate ao extremismo violento
Evento na sede da Unesco discutiu consequências para mulheres e meninas; durante o encontro, nigeriana de 15 anos contou a sua história de como conseguiu escapar após ter sido raptada pelas milícias Boko Haram.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O papel da educação no combate ao extremismo violento e as consequências para meninas e mulheres foram destacados num evento ocorrido na sede da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, em Paris.
Entre outras ações, a mesa redonda “extremismo violento e radicalização: mulheres como vítimas, cúmplices e motores de mudança” avançou o papel de mulheres como “arquitetas para a paz”.
Vítimas do Terrorismo
Durante o encontro, uma menina nigeriana de 15 anos contou a história de como conseguiu escapar após ter sido raptada pelas milícias Boko Haram. Atualmente, ela vive no Níger.
Com o rosto coberto e com um nome falso para proteger a identidade, a menina contou que fez parte de um grupo que foi levado para um prostíbulo. No local, um homem a escolheu como esposa e, um mês depois, foi forçada a casar.
Combate à Ignorância
A rapariga declarou que este foi “o pior momento” da sua vida e defendeu que “para combater a ignorância, é essencial voltar à escola”. Ela disse que decidiu retomar os seus estudos e que gostaria de ser médica.
O debate também teve a participação de Amina Said, que lidera uma associação que procura libertar mulheres e meninas da minoria Yazidi sequestradas no Iraque pelo grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil.
Lavagem Cerebral
Ela explicou que as “mulheres são as primeiras vítimas de guerras no mundo”, sendo “abusadas, transformadas em escravas sexuais ou submetidas à lavagem cerebral para se tornarem bombistas suicidas”.
Até o momento, a instituição liderada por Said teria assegurado a libertação de 2 mil mulheres e crianças em operações individuais. No entanto, a órgão calcula que 3 mil Yazidis ainda estejam sob controlo do grupo extremistas em Mossul e arredores.
Ferramentas Poderosas
A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, afirmou que mulheres e meninas suportam um fardo pesado. Segundo a representante, estas são “abusadas, expostas à escravidão sexual, traficadas, forçadas a casamentos precoces e sofrem mutilação genital feminina”.
Quanto à violência, Bokova adicionou, é preciso responder com “ferramentas poderosas”, ao citar áreas como educação, prevenção e consciencialização.
Para a chefe da Unesco, a “luta contra o extremismo é realizada na mente de cada indivíduo e a educação está na linha de frente para reforçar as defesas de cada um, juntamente com a habilidade de rejeitar o ódio”.
Leia Mais:
Nova iniciativa da ONU protege milhões de meninas do casamento precoce
Quase 16 milhões de meninas nunca terão a chance de ir à escola