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Agências alertam que "situação deve piorar" devido ao conflito no Iémen

Agências alertam que "situação deve piorar" devido ao conflito no Iémen

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Acnur e OIM querem maior acesso humanitário perante graves restrições; conflito provocou mais de 2,4 mil deslocados desde março de 2015; relatório refere que números mascaram face humana do conflito e sofrimento contínuo.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

Mais de 740 mil deslocados internos receberam artigos de emergência do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, e da Organização Internacional para Migrações, OIM, no Iémen, apesar das restrições de acesso e de segurança.

O país é marcado pelo "sofrimento humano contínuo das pessoas forçadas a fugir das suas casas numa busca desesperada por segurança", de acordo com o mais recente relatório baseado em dados de janeiro.

Serviços Básicos

Muitas vezes as pessoas fazem esses movimentos sem posses e em áreas onde "até mesmo os serviços mais básicos foram afetados pelo conflito".

A maioria dos desalojados procura abrigo junto de parentes e amigos, em escolas, edifícios públicos, abrigos improvisados abandonados ou a céu aberto com pouca ou nenhuma proteção.

As duas agências expressaram preocupação crescente após cerca de um ano do conflito no Iémen, que obrigou pelo menos 2.430.178 milhões de pessoas a fugir.

Solução Política

Equipas da OIM e do Acnur atuam em várias áreas de difícil acesso e reportaram condições humanitárias e socioeconómicas cada vez mais duras. De acordo com as agências, sem uma solução política à vista, a situação deverá piorar.

O atual registo de desalojados tem 660 mil pessoas a menos do que os dados publicados em fevereiro por um grupo de trabalho. As agências defendem que o número "continua espantosamente alto e causa preocupação".

Face Humana

A nota frisa que os números mascaram a face humana do conflito e o sofrimento contínuo da população.

A todos os lados do conflito, as agências imploram acesso humanitário às áreas mais atingidas pelos combates, onde vive a maioria dos deslocados. A região de Taiz, uma das mais afetadas, tem mais de 555 mil deslocados.

Com as entregas feitas com sucesso na área no mês passado, as duas agências dizem que foi demonstrado que o apoio pode chegar.

Alimentos e Serviços Essenciais

As outras áreas com mais deslocados são cidades como Hajjah, Sanaa, Amran e Saada que no total albergam 68% dos deslocados internos no Iémen.

O Acnur e a OIM destacam que é crucial manter o acesso humanitário aberto para as entregas de alimentos e outros serviços essenciais.

A assistência alimentar habitual de emergência chegou a cerca de 1,6 milhão de deslocados e afetados pelo conflito. Cerca de 5 milhões de pessoas tiveram água e saneamento e outros 3,6 milhões receberam cuidados de saúde.

*Apresentação: Michelle Alves de Lima.

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Migrantes etíopes evacuados para Djibouti pela OIM para escapar dos conflitos no Iémen. Foto: OIM