Mais de três milhões de ucranianos vivem em zonas de conflito
Alto comissário da ONU para os Direitos Humanos alerta para isolamento econômico, social e político; Zeid Al Hussein explica que está difícil comprar comida e água em algumas regiões do país e apoio é necessário com urgência.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
Um novo relatório das Nações Unidas mostra como o conflito na Ucrânia está impactando o cotidiano de 3 milhões de civis que vivem em zonas de conflito, especialmente em áreas controladas por grupos armados.
Segundo o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, existe “uma terrível sensação física, política, econômica e social de isolamento e de abandono”, enfrentada diariamente pelos ucranianos.
Proteção
Zeid Al Hussein afirmou que proteção e apoio a essas pessoas são necessários com urgência. O relatório cobre o período de 16 de novembro do ano passado até 15 de fevereiro.
O foco é a população que vive na “linha de contato”, onde as autoproclamadas “república do povo de Donetsk” e “república do povo de Luhansk” estão separados do resto da Ucrânia.
Exemplos
Muitas casas foram danificadas ou saqueadas. Serviços públicos não estão funcionando. Água e comida são bens caros e difíceis de serem comprados. A liberdade de movimento está severamente afetada por fronteiras, onde centenas de veículos ficam esperando para serem checados. Muitas vezes, motoristas e passageiros são obrigados a passar a noite em temperaturas congelantes.
O relatório cita também os moradores de áreas controladas por grupos armados. Essas pessoas sofrem abusos de direitos humanos, como detenções arbitrárias e tortura.
Investigações
Os especialistas da ONU documentaram alegações de violações realizadas, com impunidade, por oficiais de segurança ucranianos, incluindo desaparecimentos, tortura e tratamento cruel.
O alto comissário Zeid Al Hussein pede às autoridades da Ucrânia a garantia de investigações rápidas e imparciais sobre essas violações. Ao governo e às autoproclamadas repúblicas de Donetsk e de Luhansk, a recomendação é para que esclareçam o paradeiro de pessoas desaparecidas.
A situação na Crimeia também continua bastante difícil. Já o acordo de cessar-fogo no leste da Ucrânia foi violado algumas vezes. Minas terrestres e outro armamento de guerra estão presentes na região.
Entre meados de novembro e de fevereiro, 78 pessoas foram mortas no leste do país. O total de vítimas desde o início do conflito subiu para 30 mil, sendo 9,1 mil pessoas mortas e 21 mil feridas.