FAO pede apoio para conter resistência antimicrobiana em países pobres
Vice-diretora-geral da agência falou esta quarta-feira a ministros da Europa; responsáveis das áreas da Saúde e Agricultura no continente discutem o tema em conferência em Amesterdão.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
A resistência aos antibióticos é uma ameaça emergente à saúde pública que precisa de um esforço global para contrariar riscos para a segurança alimentar, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
A vice-diretora-geral da FAO disse que o seu uso excessivo e incorreto, bem como de outros antimicrobianos, provocam maior resistência dos agentes que causam infeções e doenças que os medicamentos deviam diminuir.
Progressos
Falando esta quarta-feira em Amesterdão, Helena Semedo alertou que o mau uso desse tipo de remédio ameaça reverter um século de progressos na saúde humana e animal.
Na capital holandesa, a representante participa numa conferência de ministros da Saúde e da Agricultura da Europa sobre a resistência antibiótica.
Verdadeiro Desafio
Semedo elogiou o interesse europeu na causa e o país anfitrião por ter baixado em quase 60% a quantidade de medicamentos usados na pecuária nos últimos anos.
Mas a representante destacou que o verdadeiro desafio é traduzir os esforços atuais para os países necessitados e com poucos recursos.
No evento, Semedo explicou que a resistência aos antibióticos é mais alta em nações onde as leis, a vigilância, a prevenção e o controlo são fracos ou inadequados.
O fenómeno dá-se quando micro-organismos como bactérias, fungos e parasitas tendem a adaptar-se às drogas destinadas a eliminá-los.
Pesticidas
Além de serem usados em humanos, esses agentes são empregados em outras espécies animais. Um exemplo é a oxitetraciclina, um antibiótico comum também utilizado em laranjeiras, com a diminuição do uso de pesticidas.
Em 2015, uma reunião da FAO apelou à ação urgente a nível nacional e internacional para responder à ameaça crescente dos micro-organismos que resistem aos medicamentos para a produção da comida na terra e na água.
A agência considera a gestão das doenças um dos grandes desafios para o mundo ao lado das mudanças climáticas e da urbanização.
A FAO destacou ainda a necessidade de aumentar a produção de alimentos para uma população global em expansão, que deverá chegar a 10 mil milhões até 2050.
*Apresentação: Michelle Alves de Lima.