Expectativa é que solução seja encontrada na reunião de líderes da União Africana a decorrer no fim deste mês; Secretário-geral manifesta apreensão com falha na formação de 28 estados e do governo de unidade.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O secretário-geral expressou preocupação com o impasse em relação à criação de 28 estados no Sudão do Sul e a incapacidade das partes de cumprir o prazo de 22 de janeiro para formarem o governo de união para o período de transição.
Em nota, emitida esta segunda-feira, Ban Ki-moon destaca que a criação desse executivo é um passo essencial para a implementação do acordo de paz além de lançar as bases para a paz e a estabilidade no país africano.
Diferenças
As declarações foram prestadas a jornalistas, em Nova Iorque, pelo porta-voz do chefe da ONU, Stéphane Dujarric. Ele reiterou o apelo às partes para que ultrapassem as suas diferenças.
O representante repetiu o apelo do chefe da ONU à Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento, Igad, e aos Estados-membros da União Africana para que aproveitem a oportunidade da próxima Cimeira da organização para resolver "o impasse político que impede a formação do Governo de Transição de Unidade Nacional."
Chefes de Estado
A medida estava prevista no entendimento assinado em agosto em Adis Abeba, com vista ao fim do conflito entre o governo e os rebeldes. Os chefes de Estado e de governo do continente encontram-se na cidade etíope a 30 e 31 de janeiro.
De acordo com as Nações Unidas, milhares de sul-sudaneses morreram desde o início do conflito em dezembro de 2013.
Cerca de 2,4 milhões de pessoas deixaram as suas casas, incluindo aproximadamente 650 mil pessoas que fugiram do país. O Sudão do Sul tem 4,6 milhões de vítimas de insegurança alimentar.
Sofrimento
Na nota, o secretário-geral reitera que as Nações Unidas continuarão a fazer todo o possível para apoiar o povo sul-sudanês que continua submetido a um "sofrimento inimaginável". Ban menciona igualmente os "abusos dos direitos humanos" ocorridos desde o início do conflito há mais de dois anos.
De acordo com a ONU, o conflito é marcado por centenas de casos de "execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, violação coletiva, recrutamento de crianças-soldado e ataques indiscriminados a civis."
Num relatório divulgado na semana passada, a organização aponta ainda a existência de aldeias incendiadas pelos dois lados.
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