Perspectiva Global Reportagens Humanas

Moçambique estuda impacto de negócios sobre os direitos humanos

Moçambique estuda impacto de negócios sobre os direitos humanos

Baixar

Em avaliação na ONU, ministro da Justiça disse que descoberta de recursos pode trazer desafios ao setor;  apesar de progressos mulheres enfrentam acusações de envolvimento em feitiçaria e leis discriminatórias.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Moçambique prepara uma avaliação sobre o impacto de negócios nos direitos humanos. A declaração foi feita esta terça-feira pelo ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Abdurremane Lino de Almeida.

O governante falava, em Genebra, na Revisão Periódica Universal no Conselho de Direitos Humanos. O órgão avalia os dados dos últimos quatro anos e meio. Durante o período foram anunciadas novas reservas de carvão, petróleo e gás.

Parceria

"Ao mesmo tempo que o fenómeno da descoberta de recursos constitui uma oportunidade para o crescimento e desenvolvimento económico, traz consigo grandes desafios nomeadamente na garantia e proteção dos direitos humanos em todas as suas dimensões. Nestes termos, o nosso país lançou uma iniciativa importante, resultante da parceria entre o governo e a sociedade civil, que terá como resultado a produção de um relatório sobre o impacto dos negócios nos direitos humanos dos cidadãos em Moçambique. "

O representante do governo moçambicano relatou como desafios na área da justiça os "crimes que contribuem para aumentar o sentimento de insegurança nos cidadãos".

Em termos de avanços alcançados, o ministro apontou a aprovação da Lei Contra a Violência Doméstica e progressos na presença feminina nos órgãos de decisão.

Assentos Parlamentares

"O Parlamento, que é presidido por uma mulher, conta com 100 mulheres parlamentares dos 250 deputados existentes, o que corresponde a 40% dos assentos. Na Comissão Permanente da Assembleia da República, as mulheres em número de seis representam 36%. No governo, as ministras representam 28,6% enquanto as vice-ministras 20%."

Lino de Almeida mencionou como "grande desafio" a existência da discriminação a mulher em Moçambique. Entre os casos mais frequentes são acusações de envolvimento de mulheres na feitiçaria e leis que discriminem em caso da morte do cônjuge.

Prisões

A nível de prisões, o ministro apontou melhorias na higiene dos reclusos e na construção de penitenciárias. A justiça foi marcada pelo indulto a mil prisioneiros no fim de 2015.

Em relação à criança, Lino de Almeida disse que o país aposta na proteção alternativa aos menores. Ele citou leis específicas sobre o abuso sexual, o trabalho infantil e o consumo de álcool e tabaco.

A outra preocupação é com os casamentos prematuros, que levaram a adoção de uma estratégia de combate ao fenómeno até 2019.

Seropositivos

O governante ressaltou a existência de 79% de hospitais que possuem maternidade. Na área, cerca de 1,5 milhão de pessoas vivem com HIV com mais de 800 mil mulheres. A taxa de prevalência de seropositivos é de 11,5% nos adultos em todo o país.

Com mais 109% de escolas primarias no período analisado, Moçambique defende que os grandes desafios no setor incluem reter alunos e melhorar a qualidade de ensino.

Um grupo de trabalho vai ouvir diferentes áreas da sociedade sobre a transferência de estudantes grávidas para o curso noturno.

O país acolhe 20.884 refugiados e pessoas asiladas de vários países, com destaque para nações africanas.

Leia Mais:

ONU pronta a dar apoio face ao alerta laranja emitido em Moçambique

El Niño já provocou 14 milhões de vítimas de fome na África Austral, diz PMA

Mais moçambicanos fogem para o Malaui em busca de asilo após confrontos

Photo Credit
Bandeira de Moçambique.