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Burundi: chefe de Direitos Humanos fala de padrões preocupantes de abusos

Burundi: chefe de Direitos Humanos fala de padrões preocupantes de abusos

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Mais de 100 corpos foram encontrados recentemente numa de nove valas comuns; chefe de direitos humanos quer investigação de casos de desaparecimento e de tortura, número de mortes duplicou em dezembro.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Al Hussein, alertou esta sexta-feira que emergem "padrões muito preocupantes de violações" no Burundi.

Em nota, o responsável mencionou atos como violações sexuais alegadamente cometidos pelas forças de segurança e um "drástico aumento de casos de desaparecimento e de tortura".

Violência

Pelo menos 439 pessoas morreram, até 14 de janeiro, como resultado da onda de violência iniciada em finais de 26 de abril quando o presidente Pierre Nkurunziza anunciou que se iria candidatar a um terceiro mandato.

O apelo do alto comissário é que seja aberta uma investigação urgente dos eventos ocorridos na capital Bujumbura nos dias 11 e 12 de dezembro passado, que incluem relatos da existência de nove valas comuns.

Uma das sepulturas teria sido encontrada num acampamento militar com mais de 100 corpos, todos supostamente mortos no primeiro dia dos episódios violentos.

Executados

O escritório cita relatos sobre membros da milícia Imbonerakure que em alguns casos teriam forçado as pessoas a cavar as sepulturas sob ameaças de morte ou com promessas de pagamento. Parte delas teria sido executada pelas forças que apoiam o governo.

Zeid disse que num mês quase triplicaram os casos de tortura ao atingir 29 vítimas, tendo ocorrido outros 42 episódios de maus-tratos em dezembro. No mesmo período morreram 130 pessoas, o dobro em relação a novembro.

De acordo com vítimas e testemunhas, elementos de serviços de segurança e da polícia teriam sido os responsáveis pela maioria dos casos.  As pessoas  inquiridas teriam  sido obrigadas a confessar de que grupo armado eram ou queriam fazer parte.

Colapso da Lei e  Ordem

O alto comissário disse recear que  este cenário indique um iminente colapso total da lei e ordem no Burundi.

Zeid disse que com os grupos armados da oposição que se tornam mais ativos e com despontar da dimensão étnica, a situação pode de forma inevitável acabar num desastre se continuar a piorar rapidamente.

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Foto: ONU/Jean-Marc Ferré