África Ocidental atinge zero casos de ébola
Marca foi alcançada depois da Libéria ter completado 42 dias sem nenhum caso esta quinta-feira; vírus matou mais de 11,3 mil pessoas e infetou cerca de 28,5 mil em dois anos; mais de um em cada quatro casos fatais ocorreram em crianças.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A Libéria declarou esta quinta-feira que está livre de transmissões de ébola após ter completado 42 dias sem nenhum novo paciente. O país agora passa por um período de três meses de vigilância reforçada.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, destaca que com o anúncio do país toda a África Ocidental atinge zero casos pela primeira vez desde o início da epidemia há dois anos.
Pacientes
Em nota, emitida em Genebra, a agência alerta que novos surtos podem ocorrer após os três países mais atingidos não terem relatado pacientes durante pelo menos 42 dias.
Em conversa com a Rádio ONU, de Lisboa, a diretora para Doenças Transmissíveis do Escritório Regional da OMS para África, Magda Robalo, defendeu que a vida não será mais a mesma após o último surto.
Preparação
"Nós sabemos que pode-se ter mais uma epidemia de ébola ou de uma outra doença mas a mensagem é não podemos ser surpreendidos e estar com uma preparação deficiente. Devemos continuar a trabalhar para que a luta contra as epidemias e as ameaças à saúde pública nos países possa ter um tratamento célere, imediato e que não se verifique a situação que vivemos nos últimos dois anos na África Ocidental nomeadamente na Libéria, na Guiné-Conacri e na Serra Leoa."
A Organização Mundial da Saúde adverte que os três países continuam em alto risco de pequenos surtos. A Serra Leoa foi declarada livre da transmissão do ébola a 7 de novembro de 2015 e a Guiné Conacri a 29 de dezembro.
A epidemia matou mais de 11,3 mil pessoas e infetou mais de 28,5 mil.
Crianças
Em nota separada, o Fundo da ONU para Infância, Unicef, refere que cerca de 23 mil crianças perderam um ou ambos os pais ou encarregados nos três países. A agência alerta que estas vão continuar a precisar de cuidados e apoio.
Entre os pacientes, 4.767 eram crianças e 3.508 morreram devido ao ébola, o que representa mais de um em cada quatro casos fatais.
Novos Surtos
A diretora geral da OMS considerou uma "conquista monumental" o facto de se ter detetado e quebrado toda a cadeia de transmissão.
Margaret Chan elogiou autoridades nacionais, trabalhadores da saúde, sociedade civil, organizações locais e internacionais além de parceiros. Mas a chefe da agência lembrou que o trabalho não está completo e a necessidade de vigilância para prevenir novos surtos.
De acordo com a OMS, foram identificados 10 surtos que não faziam parte do foco original, sendo provável que estes tenham resultado da persistência do vírus em sobreviventes mesmo após a recuperação.
As evidências mostram que o vírus desaparece de forma relativamente rápida de sobreviventes mas pode continuar no sémen de um pequeno número de homens sobreviventes, até um ano, e que em casos raros pode ser transmitido a parceiros íntimos.
Risco
O representante especial da OMS para a Resposta ao Ébola disse que o mundo entra para um período crítico da epidemia com a passagem da "gestão de casos e de pacientes para a gestão do risco residual de novas infeções".
Bruce Aylward disse que risco de ressurgência da doença está a diminuir à medida que o vírus desaparece gradualmente na população sobrevivente, mas alertou que são antecipados mais focos para os quais deve haver preparação.
O representante anunciou um grande esforço em curso para garantir robustez na prevenção, na vigilância e na capacidade de resposta até o fim de março nos três países.
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