Na ONU, ministra da Família e Promoção da Mulher citou centros para apoiar vítimas antes e depois da guerra; responsável disse que autoridades atuam com as Nações Unidas após denúncias de maus tratos.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Angola destacou a participação feminina nos esforços para alcançar a paz no país como "um fator decisivo" no pós-conflito.
A ministra angolana da Família e Promoção da Mulher, Filomena Delgado, fez as declarações esta terça-feira no Conselho de Segurança em sessão que marcou os 15 anos da Resolução 1325. O documento recomenda aos países que tenham planos sobre a participação da mulher na Paz e Segurança.
Conflito
À margem da sessão, Delgado explicou à Rádio ONU a importância da intervenção feminina em Angola, durante e após o conflito que terminou há 13 anos.
"Nós temos centros de aconselhamento onde as pessoas beneficiam de apoio psicológico e também têm conhecimento dos seus direitos. Esses centros têm também uma componente de apoiar às vítimas da violência doméstica, na sociedade e tudo aquilo que seja contrário ao espírito da paz. Os centros realizam as suas ações através de especialistas para o efeito. Isto permite que as pessoas estejam em condições e morais para exercer os seus direitos e participar no processo de desenvolvimento. "
Delgado disse que o pós-conflito confirmou o envolvimento direto da mulher para consolidar a paz, onde esta foi essencial no apoio psicológico às vítimas. Um exemplo foram as conselheiras de paz, reconciliação nacional e harmonização social.
Decisão
Em 2016, o país prevê executar o plano nacional para aumentar a participação feminina em todos os níveis de decisão. Uma das metas é formar todas as mulheres, meninas e meninos na área, além de promover e "proteger os direitos humanos de mulheres e meninas em situações de conflito e pós-conflito."
A ministra destacou ainda a forma como são abordados os relatos de maus tratos a civis, principalmente as mulheres, que teriam sido atribuídos a Forças de Segurança angolanas.
Defender a População
"Fizemos um trabalho bastante intenso com o HCR (organismo local que trata de refugiados) junto das fronteiras com os nossos países vizinhos, os dois Congos. Também fazemos constantemente ações de formação aos agentes da polícia, da Defesa e da Segurança do Estado no sentido de entenderem que a sua missão é ajudar a defender a população e não criar outras situações. Portanto, estamos no bom caminho porque estamos a trabalhar com as próprias Nações Unidas."
A representante de Angola mencionou ainda a existência de obstáculos e desafios para executar os pilares da Resolução 1325, que prevê envolver mulheres na prevenção, proteção, participação, consolidação da paz e recuperação.
Com parcerias com a sociedade civil, a governante declarou que são feitos esforços para aumentar a participação social de ONGs na vida política e económica do país.
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