Perspectiva Global Reportagens Humanas

Entrevista: Kim Cattrall

Entrevista: Kim Cattrall

Baixar

A atriz participou esta sexta-feira da “Marcha em Março pelo Fim da Violência contra Mulheres”. A caminhada, organizada pela ONU Mulheres pela Paz e pela Aliança das Civilizações antecipou as comemorações do Dia Internacional da Mulher neste sábado, 8 de março.

Na sede da ONU, Kim Cattrall falou com exclusividade à Rádio ONU em Português. A atriz, que ganhou fama ao interpretar Samantha Jones na série “Sex and The City”, destacou que a violência verbal também é uma forma de abuso.

Além de Kim Cattrall, participaram da marcha a modelo Naomi Campbell e a cantora Monique Coleman, nomeada Campeã da ONU para a Juventude.

Ouça a entrevista (em inglês) concedida à Leda Letra e leia a tradução da conversa com Kim Cattrall.

Rádio ONU: Que mensagem você busca passar ao participar desta marcha pelo fim da violência à mulher?

Kim Cattrall: Eu acredito que o objetivo de todos seja acabar com a violência, especialmente a violência contra a mulher. Eu sou mulher e já passei pela experiência de (violência) verbal. Nunca fui vítima de violência física; tive sempre muita sorte, nunca precisei enfrentar esse tipo de punição. Então para mim é importante passar essa mensagem. E outra coisa poderosa sobre as mulheres se unirem para protestar, para compartilhar, para celebrar, são coisas que significam muito para mim. Tive muita sorte de crescer com uma mãe forte, que sempre me incentivou a lutar por aquilo em que eu acredito. E também por me fazer entender que a luta é contínua, que não vai acabar depois de hoje. Às vezes, são pequenas batalhas, às vezes a luta é muito maior. Qualquer coisa que eu ache necessária para manter a segurança, a sanidade, a individualidade... e também sobre (a importância de) diminuir o ódio e a misoginia. São assuntos que estão por todos os lados. As pessoas falam sobre o racismo, mas a discriminação de gênero, ocorre às vezes até com mais frequência, mas ocorre de uma maneira muito mais sutil.

Rádio ONU: Você mencionou algo interessante, a violência verbal. Porque muita vezes a violência de gênero não está somente relacionada à agressão física, mas também pode ocorrer quando uma mulher anda na rua e escuta de homens palavras que magoam, que ferem... 

Kim Cattrall: Isso mesmo, e isso pode até projetar você de uma maneira negativa. Eu realmente sinto que meu papel é influenciar a próxima geração de mulheres. Fazê-las entender que quando elas são tratadas dessa maneira, elas se sentem mal. E isso não deve ser somente uma questão de dizer a si mesma ‘ó, pobre de mim’, mas sim sobre um padrão que elas devem lutar contra, sobre a maneira como elas querem ser tratadas. Às vezes, em alguns países, isso nem chega a ser uma possibilidade. Por isso acho que devemos continuar a educar as pessoas, é por isso que eu estou aqui hoje.

Rádio ONU: Ao lado de tantas mulheres autônomas, não? 

Kim Cattrall: Sim, mulheres maravilhosas!

Rádio ONU: A última temporada de “Sex and The City” foi ao ar há 10 anos. A série foi muito importante para a geração atual de mulheres, já que tratava não só de amor, mas também de amizade, de liberdade e de autonomia feminina. Você acredita que a situação da mulher mudou na última década?

Kim Cattrall: Eu espero que sim. Acho que ainda há trabalho a ser feito, porque você educa uma pessoa, espera que ela siga com a mensagem, mas é preciso continuar com a educação, com o ensinamento sobre como as mulheres devem ser tratadas e sobre como elas querem ser tratadas. Não é somente amor e romance, sabe? O grande papel de ‘Sex and The City’ foi unir as mulheres de uma maneira que eu não via desde a década de 1970. Você nunca sabe de onde vão surgir essas inspirações. E ainda bem que a série encontrou nova audiência em uma outra geração e espero que continue assim.