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Entrevista: Aldo Rebelo

Entrevista: Aldo Rebelo

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Ministro do Esporte falou à Rádio ONU sobre a participação do Brasil no Terceiro Fórum Internacional para a Paz e o Desenvolvimento das Nações Unidas.

O país está sendo destacado por abrigar os dois maiores eventos mundiais da área: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Aldo Rebelo, que discursa nesta quinta-feira no evento na sede da ONU, conversou com Mônica Villela Grayley sobre os planos do Brasil de convidar todos os demais países de língua portuguesa para participar de seminários sobre a realização da Copa e dos Jogos Olímpicos.
Caráter Nacional
O ministro contou que espera que a Copa e os Jogos Olímpicos sejam uma oportunidade também para demonstrar as qualidades do caráter nacional brasileiro a todos no mundo.
Para encerrar, Rebelo afirmou não saber ainda quanto as Olimpíadas de 2016 deverão custar aos contribuintes brasileiros porque muitas obras não foram licitadas. Mas segundo ele, o evento trará um legado importante para o Brasil.
Final da Copa
E ao ser perguntado sobre um palpite para a final da Copa, respondeu: Brasil.
Duração: 9'32".
Rádio ONU: Qual é a mensagem do Brasil para este tema do esporte como ferramenta para se alcançar o desenvolvimento.

Aldo Rebelo: O Brasil acolhe, nos próximos anos, os dois maiores eventos mundiais do esporte. A Copa de 2014, da Fifa, e os Jogos Olímpicos em 2016. O Brasil tem consciência da sua grande responsabilidade. É uma honra organizar estes dois eventos para todo o mundo. Nós sabemos o significado do esporte no imaginário da paz, do desenvolvimento, na fantasia da igualdade de um mundo democrático. Por isso, o esporte é tão celebrado. E os seus dois grandes eventos são tão esperados pela humanidade. E o Brasil quer fazer dessas duas oportunidades não apenas um momento de demonstração da nossa capacidade de organizar e de realizar estes eventos, de acordo com as expectativas do mundo e do Brasil, mas também um esforço para mostrar uma sociedade que foi construída negando e combatendo o ódio nacional, o ódio racial, o ódio religioso. Nós cultivamos a tolerância no nosso processo civilizatório e achamos importante que o mundo nos perceba desta forma.

RO: E também é uma conquista do Brasil, realizar a Copa do Mundo em 2014, dois anos depois vêm as Olimpíadas. Qual é a parceria do Brasil com as Nações Unidas para estes dois grandes eventos internacionais.

Harmonia

AR: As Nações Unidas passam a ver, cada vez mais, o esporte como uma forma de promoção não apenas do desenvolvimento, mas também da harmonia entre as nações, entre os povos, o esporte como instrumento de promoção da paz. E acho que o Brasil que desde a fundação das Nações Unidas têm um papel protagonista na promoção da paz, até hoje é o discurso que abre a Assembleia Geral das Nações Unidas. Acho que o Brasil vai aprofundar esta cooperação e fazer com que a ONU tenha no Brasil um ponto de apoio importante para o esportecomo instrumento da paz e do desenvolvimento.

RO: E também da tolerância e da diversidade brasileira?

AR: O Brasil foi um país que foi construído a partir de três troncos civilizatórios distintos: o europeu, o africano e o indígena. Nós temos orgulho das nossas origens, da nossa miscigenação, e acho que quando, em muitos lugares do mundo, nós ainda testemunhamos a existência da intolerância. Neste ano, a própria ONU tomou o Brasilcomo ponto de referência para a luta contra o racismo. O Brasil é muito importante, o Brasil é uma referência. E acho que quando nós fazemos no país a Copa do Mundo e as Olimpíadas, nós deveríamos fazer um esforço para que o mundo percebessecomo nós nos esforçamos para combater a intolerância e o racismo.

Língua Elemento de Poder

RO: Ministro Aldo Rebelo, aqui nós transmitimos para todos os países de língua portuguesa. Os oito países lusófonos. Quais são os projetos de cooperação do seu Ministério com esses países que falam português?

Mônica Villela Grayley entrevista o ministro Aldo Ribeiro, em Nova York. AR: A língua não é apenas um elemento de comunicação, a língua é também um elemento da cultura, da economia, da projeção, de influência, de poder, e nós temos consciência que integramos uma comunidade muito especial que é a comunidade dos países falantes de língua portuguesa. E que isso, nós dá uma identidade muito profunda, de sentido muito duradouro e que nós devemos, a partir desta identidade, e apoiados nesta identidade, de promover uma aproximação ainda maior, entre os nossos países e entre os nossos povos. E creio que o esporte, por esta razão, também os dois grandes eventos devem ser uma razão desta aproximação. Nós já comunicamos a todos os ministros de Esporte dos países da Cplp que vamos realizar um seminário só com os nossos países, além de observadores, que também tenham interesse em participar, para aproveitar estes dois grandes eventos para promover a integração entre os nossos países e os nossos povos.

RO: E quando estes seminários ocorrem, já tem um calendário?

AR: Nós queremos realizá-los ainda este ano e no Brasil. Mas nós já comunicamos aos ministros do Esporte de todos estes países, a nossa intenção de realizar este encontro.

Custo das Olimpíadas

RO: O sr. mencionou que a Copa e os Jogos Olímpicos juntos devem gerar mais de 3,6 milhões de postos de trabalho temporários no Brasil. Mas existe ainda principalmente nas Olimpíadas sempre uma preocupação com o que se gasta neste tipo de evento.  Isto foi visto em Londres, que ultrapassou US$ 10 bilhões, Atenas e também Barcelona. No caso do Brasil já se sabe quanto se deve gastar?  E como é que esta conta vai ser dividida entre os brasileiros?

AR: Os Jogos Olímpicos constituem um desafio de todo o país embora tenha sede noRio de Janeiro, os Jogos Olímpicos são um desafio de todo o Brasil. O orçamento, portanto, é em grande parte o orçamento do governo federal que é repassado para a Prefeitura do Rio, que tem uma função mais executiva, e em parte também o governo do Estado, o que é feito pelo governo estadual diretamente é uma pequena parte, mas praticamente todo o recurso é federal. E nós achamos que é um investimento importante porque ele ficarácomo legado não apenas para a cidade doRio de Janeiro, mas para todo o Brasil. Nós estamos fazendo um esforço para construir uma infraestrutura esportiva, construindo cinco mil quadras nas escolas, cobrindo cinco mil quadras. Construindo 250 centros de iniciação ao esporte, dotando todos os estados brasileiros de uma infraestrutura básica para a prática do esporte educacional, do esporte de alto rendimento. “Não temos ainda o orçamento final porque nem todas as obras foram orçadas, ou seja licitadas. Mas, nós achamos que o investimento que será feito para os Jogos Olímpicos trará para o país um retorno muito importante não apenas material, mas também educacional.”

Palpite

RO: Algum palpite para a Copa do Mundo já que estou conversando com o ministro do Esporte? Quem vai para a final?

AR: Na Copa do Mundo, o Brasil é favorito não apenas porque tem uma excelente Seleção, tem jogadores excepcionais como Neymar, Lucas, entre outros, e joga em casa com apoio da sua torcida. Eu acho que isso nos torna favoritos para o título. Como também nos torna favoritos para a Copa das Confederações. O Brasil além de ter a tradição no futebol, tem nesses dois casos, a vantagem de jogar em casa. Por isso eu faço um palpite simples: Brasil.

FIM