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Intensificação de conflitos piora instabilidade da RD Congo, diz chefe da Missão

Uma família separada enquanto fugia da violência no leste da RDC se reencontra em Goma
Unicef/Jospin Benekire
Uma família separada enquanto fugia da violência no leste da RDC se reencontra em Goma

Intensificação de conflitos piora instabilidade da RD Congo, diz chefe da Missão

Paz e segurança

Representante do secretário-geral no país africano pede apoio para pacote humanitário em reunião no Conselho de Segurança; Bintou Keita diz que conflitos armados causam milhares de deslocados; existe ainda preocupação com desconfiança sobre eleições, previstas para o fim do ano.

A chefe civil da Missão da ONU na República Democrática do Congo, Bintou Keita, falou ao Conselho de Segurança sobre a instabilidade do país. Ela ressaltou que a insegurança piorou devido a intensificação de conflitos entre grupos armados.

A representante especial do secretário-geral contou que a situação humanitária é “cada vez mais dramática”. Além da assistência aos necessitados, ela citou os processos de pacificação como fundamentais.

Bintou Keita afirma que a RD Congo precisa mais que apenas ações militares   para ser estabilizada.

Forças de paz da ONU servindo com a Monusco patrulham perto da cidade de Beni, em Kivu do Norte, República Democrática do Congo
Monusco/Michael Ali
Forças de paz da ONU servindo com a Monusco patrulham perto da cidade de Beni, em Kivu do Norte, República Democrática do Congo

Milhares de deslocados

Segundo ela, nas regiões de Kivu do Norte, Kivu do Sul e Ituri, no leste do país, centenas de milhares de pessoas fugiram dos abusos cometidos por combatentes. Em Kivu do Norte, mais de 900 mil congoleses foram forçados a fugir de suas casas.

Bintou Keita classificou o contexto como “uma das crises humanitárias mais negligenciadas do mundo” e pediu aos membros do Conselho de Segurança apoio ao plano de resposta humanitária de 2023. O objetivo é levantar US$ 2,25 milhões.

Ela contou que as mulheres deslocadas precisam de proteção adaptada para prevenir abusos sexuais. Bintou Keita diz que a Missão de Paz da ONU na RD Congo, Monusco, está dedicada a apoiar o governo na proteção de civis, promover o desarmamento e a reformar a segurança pública.  

Bintou Keita, Representante Especial do Secretário-Geral e Chefe da Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO), informa a reunião do Conselho de Segurança sobre a situação no país
ONU/Manuel Elias
Bintou Keita, Representante Especial do Secretário-Geral e Chefe da Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO), informa a reunião do Conselho de Segurança sobre a situação no país

Pacificação

A representante especial disse que os boinas-azuis que atuam no país adotaram uma postura ágil, que permite o rápido deslocamento de tropas. Essa característica garante respostas a alertas preventivos e picos de violência.

O novo comandante da Monusco, o general brasileiro Otávio Rodrigues de Miranda Filho, disse à ONU News, antes da reunião do Conselho, que pretende colaborar para trazer “mais paz e qualidade de vida” para a população congolesa.

O comandante também mencionou a preocupação com o desgaste da imagem da Monusco, presente há mais de 20 anos no país.

“Particularmente na Monusco, no último ano, talvez nos últimos dois anos, nós temos tido uma deterioração da visão da população em relação à presença da Monusco naquele país”

Ele disse que as causas são o desconhecimento sobre o mandato da missão e a “guerra da desinformação”, que precisa ser combatida em seu mandato.

Eleições

Em sua fala ao Conselho de Segurança, Bintou Keita manifestou preocupação sobre o impacto da crise humanitária e de segurança nas eleições previstas para dezembro deste ano.

Ela disse que o processo eleitoral está marcado por desconfiança e sob risco de boicote. A representante especial fez um chamado para que todas as partes contribuam com eleições transparentes e inclusivas e ofereceu o apoio da Monusco.