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Angola defende segurança hídrica e do acesso a águas compartilhadas

Décadas de secas cíclicas no sul de Angola provocam ondas migratórias de pessoas e rebanhos
© Unicef/Carlos César
Décadas de secas cíclicas no sul de Angola provocam ondas migratórias de pessoas e rebanhos

Angola defende segurança hídrica e do acesso a águas compartilhadas

Clima e Meio Ambiente

Ministro da Energia e Água disse à ONU News que meta do país é aumentar em 75% a quantidade disponível diária por pessoa; segundo João Batista Borges, em campos e cidades, recurso chega a cerca de 60% dos 30 milhões de habitantes.

Angola quer investir US$ 4 bilhões para alargar o abastecimento nacional de água. O objetivo é melhorar sistemas de captação, tratamento e distribuição do recurso até 2027, segundo o ministro angolano da Energia e Água, João Batista Borges.

Somente na capital, Luanda, a meta é ligar 1,6 milhão de famílias à rede durante o próximo quinquênio. De um consumo médio de 40 litros, o alvo das autoridades é que cada pessoa chegue a consumir 70 litros.

Relação de vizinhança

Em Nova Iorque, o ministro João Batista Borges disse à ONU News que ações pela qualidade e administração da água ultrapassam as fronteiras de Angola.

“Não só garantirmos a segurança hídrica que o país precisa para população que vai crescendo cada vez mais, e dispondo de, cada vez mais, água potável, mas sobretudo não nos podemos esquecer que Angola partilha cinco bacias hidrográficas com os países vizinhos. E aqui também existe uma responsabilidade acrescida, que é garantir que esses países possam ter acesso à água nas mesmas condições que nós temos. Somos um país de montante, sobretudo, mas o que nos liga aos países é essa responsabilidade, que é subscrita em protocolos da Sadc. Queremos, sobretudo, manter uma relação de vizinhança boa e baseada nesta partilha.”

O ministro angolano mencionou ainda o interesse em aprender de outras realidades nos esforços de atingia a autossuficiência no acesso à água.

“Temos também experiências importantes no âmbito da nossa participação da organização regional. E apoios também. Trazemos experiências importantes, como a de Moçambique, que tem que sistema de participação do setor privado no abastecimento de águas, que nos interessa ir buscar e trazer para Angola. Trabalhamos no âmbito do Banco Africano de Desenvolvimento com especialistas moçambicanos que têm estado a trazer essa experiência. Partilhamos com países vizinhos e, principalmente com Namíbia, experiências de projetos abastecimento de água transfronteiriços que, no fundo, servem as comunidades que estão dos dois lados da fronteira.”

Vagas migratórias

Angola tem um Plano Nacional de Águas que prevê a atuação até 2040. Para a cobertura de toda a população e um manejo sustentável, a iniciativa inclui medidas das áreas jurídica, institucional, técnica, financeira e de infraestrutura.

Entre 2017 e 2022, o volume de investimentos no setor de água envolveu US$ 1.937 bilhão para servir os 30 milhões de habitantes.

Segundo o ministro Batista Borges, a água potável chega, em média, a cerca de 60% dos residentes nos meios urbano e rural.

Outra questão que preocupa Angola são as décadas de secas cíclicas observadas em regiões no sul. A situação provoca ondas migratórias de pessoas e rebanhos.

Com um fundo de US$ 4,5 bilhões, as autoridades querem construir canais e ligações entre bacias, bem como barragens com albufeira para armazenar águas.

Os planos contemplam reabilitar dezenas de albufeiras em províncias como Cunene, Namibe e Huíla.