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Brasil afina conceito de Museu da Água em conferência global na ONU

A floresta amazônica, que cobre grande parte do noroeste do Brasil,  é uma grande produtora de chuvas no país, aumentando a oferta de água
© CIAT/Neil Palmer
A floresta amazônica, que cobre grande parte do noroeste do Brasil, é uma grande produtora de chuvas no país, aumentando a oferta de água

Brasil afina conceito de Museu da Água em conferência global na ONU

Cultura e educação

Associação de Engenheiros da Sabesp quer parcerias com países de língua portuguesa para o sucesso da iniciativa com inauguração prevista dentro de dois anos; presidente Viviana Borges diz que convergência entre vários setores é necessária.

O conceito de um Museu da Água existe há quatro anos e nasceu numa associação de engenheiros da companhia que distribui água a mais de 22 milhões de habitantes de São Paulo, no Brasil.

Para eles, o novo local de preservação e cultura deve ficar pronto até 2024.

O relatório Situação da Água Potável no Mundo destaca haver mais de 2 bilhões de pessoas que obtiveram acesso à água potável nas últimas duas décadas.
© Unicef/Shehzad Noorani

Museu contemporâneo

A ideia evoluiu até a ambição de chegar a países de língua portuguesa, de acordo com a presidente da Associação de Engenheiros da Sabesp, Viviana Borges, em declarações à ONU News.

“Olha como é importante a água. E como faltava um espaço para as pessoas terem acesso a esse conhecimento. Em 2019, começamos com o conceito de criar um museu para conscientizar a população. Um museu contemporâneo que vai sim mostrar o passado e toda a evolução tecnológica. Mas, para fazer as pessoas refletirem de uma forma interativa.”

A especialista contou que a Conferência da Água, em Nova Iorque, é um momento para dar asas a esse potencial e fazer chegar o conceito a outras nações, com destaque para as de língua portuguesa. A iniciativa já recebe apoios para implantação.

Rede nacional de museus

“É um museu onde as pessoas interajam e consigam refletir sobre os efeitos causados de poluição e as ações que poderiam dar uma melhor condição de vida para nós mesmos, e para as outras pessoas. Esse museu passou para fase de construção de um conceito e já nasceu em rede. A gente está falando de uma rede nacional de museus. Queremos aumentá-la aqui nesta conferência com outros parceiros, países, nações de língua portuguesa principalmente, para ter esse intercâmbio entre os diversos museus, os diversos conhecimentos e   fazer com que nossa população entenda essa importância para exigir políticas públicas de melhor acesso.” 

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 6 prevê garantir a disponibilidade de água e sua gestão sustentável e saneamento para todos.

No contexto de uma megacidade há benefícios em partilhar práticas e fatos com outras áreas de menor dimensão, segundo Viviana Borges. 

Lago na floresta Amazônica em Manaus, Brasil.
Foto: IMF/Raphael Alves
Lago na floresta Amazônica em Manaus, Brasil.

Chamada de atenção

“O benefício é direto a partir do momento em que a gente tem espaço discutindo o tema da água e sua importância. Enaltecendo o tema, a gente chama a atenção das autoridades de uma forma necessária para que haja investimentos. Então, queremos com isso agregar diversas empresas que estas invistam nesse mundo mais sustentável, com ações que beneficiem a sociedade, o nosso recurso natural e que  a gente consiga fazer com que as pessoas racionalizem e usem de modo racional para distribuir para mais pessoas.”

No novo espaço de experiências interativas, os visitantes poderão conhecer o histórico e os benefícios da água.

Importância e pensamento

Outro proposito dos mentores é registrar fatos sobre a evolução tecnológica por trás do saneamento e refletir sobre como preservar um recurso natural.

“Nós queremos transformar a sociedade brasileira com relação ao pensamento da importância da água. Transformar e levar crianças e as famílias também a chamar a atenção dos decisores para o fato de que precisamos ressaltar a importância da água, o acesso a todas as populações e o investimento. Como falei, no Brasil nós temos um desafio enorme e ainda temos um agravante que são as mudanças climáticas para se discutir e para colocar na pauta.”

Participantes chegam à ONU para a Conferência da Água de 2023
UN News/Daniel Dickinson
Participantes chegam à ONU para a Conferência da Água de 2023

Saneamento ambiental

Mais do que uma unir um grupo de países com que o Brasil tem afinidades ou partilha desafios, a rede de museus quer envolver indivíduos no saneamento ambiental e a “sociedade num projeto cultural que deixe um legado para o Brasil”.

Viviana Borges declarou que para um tema de interesse global, a convergência entre vários setores e países é necessária.

“Precisamos da união e a consciência de todos para que isso aconteça. Acreditamos que num curto espaço de tempo, essas crianças e os visitantes, porque São Paulo é um lugar cultural que atrai visitantes do mundo inteiro, sendo muitos do Brasil. Esperamos que todos os visitantes saiam desse museu conscientes para uma transformação bem significativa que acreditamos muito que aconteça. E queremos aí contar com toda a rede que fala a língua portuguesa, todas as empresas e entidades para construir essa transformação nesses e noutros países também.”

A Conferência da Água termina nesta sexta-feira.