Fórum Africano busca soluções para recuperação acelerada, inclusiva e verde
ODS
Vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, participou da abertura do encontro no Níger; África vem sofrendo consequências socioeconômicas da Covid-19, crise climática e guerra na Ucrânia.
A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, participou da abertura do 9º. Fórum Africano Regional para o Desenvolvimento Sustentável 2023. O evento aconteceu nesta terça-feira, em Niamei, capital do Níger, na África Ocidental.
Realizado em formato híbrido, presencial e online, o encontro tem como tema a aceleração da recuperação verde e inclusiva das múltiplas crises e a implementação integrada e plena da Agenda 2030, da ONU, e da Agenda 2063 da União Africana.
Moradores de Rann, no nordeste da Nigéria, caminham pela estrada principal inundada, inacessível para veículos
Impacto maior na África
Amina Mohammed disse que o mundo está passando por uma série de crises em cascata que minam os ganhos de desenvolvimento e ameaçam as gerações atuais e futuras.
Segundo ela, a África está sofrendo o impacto total, com as consequências socioeconômicas da Covid-19, a crise climática e a guerra na Ucrânia.
A vice-secretária-geral lembrou que cerca de 23 milhões de africanos foram lançados na pobreza extrema em 2021. Ela disse ainda que o mundo está distante de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e os compromissos da Agenda 2063.
Mas para Amina Mohammed, “não é hora de se desesperar”, mas sim de demonstrar solidariedade, liderança e o compromisso com as ações.
As comunidades no Sahel dependem da agricultura e da pecuária, atividades tidas como altamente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas.
Crise do clima e comércio
A emergência climática na região do Sahel está contribuindo para uma crescente ameaça à segurança, a disseminação do terrorismo e uma situação humanitária catastrófica.
Atualmente, o mundo caminha para 2,7 graus de aquecimento, o que pode gerar perdas de cerca de 15% do Produto Interno Bruto, PIB, na região.
Sobre o crescimento do comércio dentro do continente, a vice-secretária-geral da ONU elogiou a liderança da União Africana, que também possibilitou o Acordo Continental de Livre Comércio. A chance de tirar 30 milhões de pessoas da pobreza extrema.
Mohammed lembrou ainda que os chefes de Estados africanos também endossaram um plano de ação sobre industrialização sustentável e diversificação econômica.
Sede da União Africana, Adis Abeba, Etiópia
Energia limpa
Para ela, a transformação energética da África é o centro desses esforços incluindo o registro de créditos de carbono da Bacia do Congo e a Grande Muralha Verde, que tem o potencial de fornecer resiliência climática e meios de subsistência sustentáveis para populações vulneráveis.
A representante mencionou também a proposta da “Grande Muralha Azul”, que pode garantir benefícios semelhantes de uma gestão eficaz dos ecossistemas marinhos e de água doce do continente.
A Grande Muralha Verde continental tem 393 milhões de hectares de terras com potencial e oportunidades de restauração
Cúpula dos ODS
O Fórum Africano Regional para o Desenvolvimento Sustentável 2023 acontece até esta quinta-feira.
As principais mensagens e a declaração final também servirão como contribuição para o Fórum Político de Alto Nível de 2023 sobre Desenvolvimento Sustentável, marcado para Nova York de 10 a 20 de julho de 2023.
Em setembro, a ONU realiza da Cúpula dos ODS, durante a Semana de Alto Nível dos Chefes de Estado e de Governo.
A vice-secretária-geral ressaltou que a Cúpula é o momento para cumprir as promessas feitas em 2015. Para ela, as soluções de uma África em ascensão, devem ser apoiadas, com investimentos, pelos 54 líderes de Estados africanos que participaram dos debates.