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ONU precisa de US$ 4,3 bilhões para levar ajuda humanitária ao Iêmen

Família em seu abrigo em um local de deslocados em Aden, Iêmen.
© UNHCR/Ahmed Al-Mayadeen
Família em seu abrigo em um local de deslocados em Aden, Iêmen.

ONU precisa de US$ 4,3 bilhões para levar ajuda humanitária ao Iêmen

Ajuda humanitária

Valor deve apoiar mais de 17 milhões de pessoas; anúncio foi feito na sétima conferência sobre o país, que sofre com instabilidade desde 2015; no ano passado, 2 milhões de pessoas foram salvas da fome aguda.

As Nações Unidas precisam de US$ 4,3 bilhões para apoiar mais de 17 milhões de pessoas no Iêmen este ano. O valor foi anunciado nesta segunda-feira em um evento de alto nível sobre a crise humanitária no país na sede da ONU em Genebra, Suíça. 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, contou na abertura da sessão que o último ano trouxe esperança ao Iêmen, com o retorno da atividade no aeroporto da capital Sanaa, a entrada de suprimento e a trégua de seis meses.

O secretário-geral António Guterres discursa no evento de doações de alto nível para a crise humanitária no Iêmen.
UN Photo/ Jean Marc Ferré
O secretário-geral António Guterres discursa no evento de doações de alto nível para a crise humanitária no Iêmen.

Avanços da ajuda humanitária

No entanto, a ONU estima que mais de 21 milhões de iemenitas devam precisar de assistência e proteção este ano. O número equivale a dois terços da população sofrendo com conflito, deslocamento, deterioração econômica e desastres naturais.

Guterres explica que o valor permitiria a continuação de operações vitais, que atenderam cerca de 11 milhões de pessoas em 2022 com alimento, água, abrigo e educação.

Segundo ele, os avanços do último ano tiraram 2 milhões de pessoas da fome aguda e o número de pessoas ameaçadas pela fome caiu de mais de 150 mil para praticamente zero.

Acesso para comboios humanitários

Em sua mensagem, o secretário-geral da ONU ressaltou que os parceiros humanitários precisam de acesso desimpedido e que a falta de acesso, particularmente controladas pelos houthis, tornam muito mais difícil alcançar quem precisa.

Guterres pediu que as partes em conflito facilitem a passagem segura e rápida da ajuda humanitária, de acordo com o direito internacional humanitário.

A ONU estima que 25% dos que precisam de apoio em todo o Iêmen são afetados por restrições de acesso, sendo as questões burocráticas as mais prevalentes no noroeste do Iêmen.

Caminho para paz

O chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, também esteve na reunião e lamentou que esta seja a sétima conferência para pedir assistência ao país. Para ele, a crise do Iêmen já dura muito tempo e afeta milhões de inocentes.

O subsecretário-geral para Assuntos Humanitários afirmou que a reunião aponta que a comunidade internacional está firme no compromisso em ajudar o povo do Iêmen a emergir da crise e redobrar os esforços para encontrar um caminho para a paz.

O secretário-geral da ONU também encorajou uma solução pacífica para a situação no país, afirmando que o apoio humanitário não pode resolver o conflito.

Guterres acredita que há uma oportunidade para alcançar a paz no Iêmen com a renovação da trégua, o avanço dos processos políticos e o investimento na recuperação econômica do país.

Situação no Iêmen

Segundo o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, o Iêmen não está em uma guerra de ofensivas militares em grande escala, mas também não chegou a um acordo de paz formal. O país segue para o oitavo ano de instabilidade.

Durante a trégua, de 2 de abril a 2 de outubro, o deslocamento relacionado ao conflito diminuiu 76%. Ao mesmo tempo, as vítimas de minas terrestres e resíduos explosivos de guerra aumentaram em 160%.

Na ausência de um acordo político abrangente, o Ocha avalia que é provável que o deslocamento contínuo a situação econômica e a falta de capacidade das instituições estatais permaneçam um dos principais motores das necessidades.

Estima-se que 4,5 milhões de pessoas, 14% da população, estão deslocadas, a maioria por conta de desastres naturais e eventos induzidos pelo clima, como secas e inundações.

Segundo o Ocha, a continuação do deslocamento prolongado, pode fazer com que o Iêmen permaneça entre os seis maiores deslocamentos internos do mundo.