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ONU quer mais ação para salvar vidas após naufrágio que vitimou dezenas na Itália

Em 2023, pelo menos 220 pessoas morreram ou desapareceram ao longo da rota do Mediterrâneo central
© Acnur/Markel Redondo
Em 2023, pelo menos 220 pessoas morreram ou desapareceram ao longo da rota do Mediterrâneo central

ONU quer mais ação para salvar vidas após naufrágio que vitimou dezenas na Itália

Migrantes e refugiados

Pequena embarcação afundou com 170 pessoas no Mar Mediterrâneo; mais de 60 corpos foram recuperados incluindo crianças e um recém-nascido; barco havia saído da Turquia, com passageiros do Afeganistão e do Paquistão.

O secretário-geral António Guterres e agências das ONU pediram urgência na criação de rotas mais seguras e legais para migrantes. O apelo foi reforçado após um naufrágio que matou mais de 60 pessoas no domingo, na costa sul da Itália.

Segundo agências de notícias, as equipes de salvamento temem que o número de mortes possa subir. Entre as vítimas, havia crianças e um recém-nascido. Há indícios de que o barco transportava 170.

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Sobreviventes

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, informou que alguns sobreviventes foram hospitalizados.

António Guterres disse que “toda pessoa em busca de uma vida melhor merece segurança e dignidade”.

Já o Acnur e a Organização Internacional para Migrações, OIM, expressaram condolência em comunicado conjunto e pediram aos países que aumentem recursos e capacidades para cumprir suas responsabilidades.

O diretor-geral da OIM, António Vitorino, lembrou que a tragédia ocorre dias após 70 pessoas perderem a vida num naufrágio semelhante na Líbia.

Refugiados do Afeganistão

Ao reagir ao naufrágio, a representante do Acnur na Itália, Santa Sé e San Marino disse que “é inaceitável testemunhar tais horrores, com famílias e crianças confiadas a barcos incapazes de navegar”. Para Chiara Cardoletti “esta tragédia deve nos levar a agir e agir agora.”

O barco havia saído da Turquia, com muitos passageiros vindos do Afeganistão e do Paquistão. De acordo com o Acnur, em 2022, a rota da Turquia representa cerca de 15% do total de chegadas por mar à Itália. Quase metade das pessoas vindas da Turquia fugia do Afeganistão.

Dois irmãos adolescentes da Gâmbia que viajaram sem os pais pelo mar Mediterrâneo caminham por uma praia na Itália.
© Unicef/Ashley Gilbertson
Dois irmãos adolescentes da Gâmbia que viajaram sem os pais pelo mar Mediterrâneo caminham por uma praia na Itália.

Capacidades de resgate

As agências da ONU também informaram que os mecanismos da União Europeia para operações de resgate são “necessários com urgência”.

Chiara Cardoletti afirma que, para evitar tragédias como essa, é mais necessário do que nunca fortalecer a capacidade de resgate, que ainda é insuficiente. Para ela, isso requer apoio humanitário e a adoção de uma abordagem que inclua as várias razões para a fuga dos migrantes.

O diretor do Escritório de Coordenação da OIM para o Mediterrâneo, Laurence Hart, ressalta que este naufrágio demonstra como o fenômeno da migração por mar deve ser enfrentado por todas as nações europeias.

O Projeto de Migrantes Desaparecidos da OIM relata que, só em 2023, pelo menos 220 pessoas, incluindo as que pereceram no domingo, morreram ou desapareceram ao longo da rota do Mediterrâneo central.