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Abastecimento de alimentos em todo o mundo terá maior queda em três anos

Maior impacto da alta de custos é sobre os mais pobres
© Unicef/Shehzad Noorani
Maior impacto da alta de custos é sobre os mais pobres

Abastecimento de alimentos em todo o mundo terá maior queda em três anos

Ajuda humanitária

Previsão de agências internacionais é para o período 2022/2023; medidas de proteção social custaram US$ 710 bilhões para 1 bilhão de pessoas na pandemia; desigualdade na insegurança alimentar coloca, cada vez mais, mulheres em desvantagem.

Chefes de cinco agências internacionais pedem urgência na ação de combate à crise global de segurança alimentar e nutricional. Cerca de 349 milhões de pessoas enfrentam o estágio agudo de insegurança alimentar em 79 países.

A desnutrição deve prevalecer após três anos de piora, segundo os chefes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, do Banco Mundial, do Programa Mundial de Alimentos, PMA, e da Organização Mundial do Comércio, OMC.

Pobreza e insegurança alimentar em alta

A comunicação conjunta ressalta que o abastecimento global de alimentos deverá cair para a menor taxa em três anos em 2022/2023, quando a pobreza e a insegurança alimentar aumentam após décadas de ganhos de progressos.

Chamada à ação urgente visa travar a piora da crise de segurança alimentar e nutricional para os focos de fome
© PMA/Gabriela Vivacqua
Chamada à ação urgente visa travar a piora da crise de segurança alimentar e nutricional para os focos de fome

 

Os assinantes do comunicado citam a situação causada pelos tremores na Turquia e na Síria para a qual têm monitorado, avaliado e mobilizado o apoio necessário.

Eles declaram que o choque sem precedentes no sistema alimentar global atinge os mais frágeis com interrupções na cadeia de suprimentos, mudanças do clima, pandemia, restrições financeiras após o aumento das taxas de juros e a guerra na Ucrânia.

O comunicado destaca ainda a alta inflação de alimentos no mundo, com dezenas de países chegando a dois dígitos.

Proteção social para 1 bilhão de pessoas

A resposta à alta de preços de alimentos, combustíveis e fertilizantes custou mais de US$ 710 bilhões em medidas de proteção social para 1 bilhão de pessoas. O total inclui aproximadamente US$ 380 bilhões em subsídios.

Mesmo assim, somente US$ 4,3 bilhões foram gastos em nações de baixa renda para medidas de proteção social, em comparação com US$ 507,6 bilhões em economias de alta renda.

Comunicado ressalta que vem aumentando a já conhecida disparidade de insegurança alimentar
FAO
Comunicado ressalta que vem aumentando a já conhecida disparidade de insegurança alimentar

 

O apelo à ação urgente visa travar a piora da crise de segurança alimentar e nutricional para os focos de fome, além de facilitar o comércio, melhorar o funcionamento dos mercados e fortalecer o papel do setor privado.

Por último, a recomendação das cinco instituições é que a atuação possa reformar e redirecionar subsídios com maior foco e eficiência.

Resultados nutricionais

Junto à atuação internacional para abordar desafios em áreas como proteção social e mercados de alimentos e fertilizantes, os cinco líderes pedem maior coordenação para evitar uma crise prolongada nessas três áreas.

Embora os preços das commodities alimentares e a demanda global estejam diminuindo, eles “permanecem acima das médias históricas, drenando os recursos das economias importadoras”.

O maior impacto da alta de custos é sobre os mais pobres que gastam mais do que seu orçamento permite com comida.

Para o grupo de instituições, há novas avaliações apontando que lacunas na acessibilidade dos alimentos estão piorando, afetando especialmente as crianças.

O comunicado ressalta que vem aumentando a já conhecida disparidade de insegurança alimentar, que coloca as mulheres em desvantagem em relação aos homens em todas as regiões do mundo.