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Discriminação e abuso a mulheres custam caro para a sociedade, diz Guterres

Mulheres da América Latina e do Caribe marcham pelas ruas de Bogotá, na Colômbia, exigindo o fim da violência contra mulheres e meninas.
ONU Mulheres
Mulheres da América Latina e do Caribe marcham pelas ruas de Bogotá, na Colômbia, exigindo o fim da violência contra mulheres e meninas.

Discriminação e abuso a mulheres custam caro para a sociedade, diz Guterres

Mulheres

Em mensagem sobre Dia Internacional para Eliminação da Violência contra Mulheres, secretário-geral da ONU, António Guterres, pede financiamento para movimentos de direitos das mulheres; no Brasil, Opas e Unfpa implementam ações de prevenção à violência.

As Nações Unidas marcam o Dia Internacional para Eliminação da Violência contra Mulheres neste 25 de novembro. Em mensagem para a data, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destaca que a discriminação, violência e abuso contra metade da humanidade têm um custo alto. 

O chefe das Nações Unidas acredita que isso limita a participação de mulheres e meninas em todas as esferas da vida, nega seus direitos e liberdades básicos e bloqueia a recuperação econômica igualitária e o crescimento sustentável de que o mundo precisa.  

António Guterres afirma que a violência contra mulheres e meninas é a violação de direitos humanos mais difundida no mundo.
ONU/Mark Garten
António Guterres afirma que a violência contra mulheres e meninas é a violação de direitos humanos mais difundida no mundo.

Participação feminina

Este ano, o tema é “Ativismo para acabar com a Violência contra Mulheres e Meninas”. A data coincide com o início da campanha de 16 Dias de Ativismo para o Fim da Violência de Gênero, que vai até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

António Guterres afirma que a violência contra mulheres e meninas é a violação de direitos humanos mais difundida no mundo. Segundo ele, a cada 11 minutos, uma mulher ou menina é morta por um parceiro íntimo ou membro da família.  

O secretário-geral da ONU reforça que outros estresses, da pandemia de Covid-19 à turbulência econômica, levam a ainda mais abusos físicos e verbais.  

Ele acrescenta que o tema deste ano lembra que ativistas de todo o mundo, que estão pedindo mudanças e apoiando sobreviventes da violência, devem receber apoio. Por isso, Guterres apelas aos governos para aumentar o financiamento em 50% para organizações e movimentos de direitos das mulheres até 2026. 

Mulheres da comunidade de refugiados indígenas Warao da Venezuela participam de uma sessão educacional sobre a COVID-19 no Brasil.
©Acnur/Allana Ferreira
Mulheres da comunidade de refugiados indígenas Warao da Venezuela participam de uma sessão educacional sobre a COVID-19 no Brasil.

Brasil: Populações vulneráveis e prevenção da violência 

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre a incidência da violência contra meninas e mulheres no Brasil indicam que, em 2021, uma em cada quatro mulheres no país acima de 16 anos, ou cerca de 17 milhões de pessoas, afirmou ter sofrido algum tipo de violência física, psicológica ou sexual nos últimos 12 meses.  

Entre mulheres migrantes e refugiadas, os riscos de sofrer violência são ainda maiores, assim como as barreiras de acesso aos serviços de proteção e acolhimento. 

Por isso, com o objetivo de prevenir a violência baseada em gênero, a Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, e o Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, realizaram uma oficina em Boa Vista, no estado de Roraima, Brasil, em parceria com a Rede de Proteção Intersetorial. 

A iniciativa reuniu 20 lideranças comunitárias, entre elas mulheres migrantes e refugiadas venezuelanas, brasileiras e indígenas das etnias Warao e Eñepa. 

 

 Segundo a Opas, a violência pode ter um impacto na saúde e no bem-estar de uma mulher pelo resto de sua vida, mesmo muito depois do episódio.
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Segundo a Opas, a violência pode ter um impacto na saúde e no bem-estar de uma mulher pelo resto de sua vida, mesmo muito depois do episódio.

Violência tem impacto na saúde e bem-estar

Por meio de rodas de conversas e dinâmicas de grupo, as participantes puderam compartilhar experiências, conhecimentos e meios para a implementação de ações de prevenção à violência contra as mulheres na comunidade. 

Segundo a Opas, a violência pode ter um impacto na saúde e no bem-estar de uma mulher pelo resto de sua vida, mesmo muito depois do episódio.  

Está associada ao aumento do risco de lesões, depressão, transtornos de ansiedade, gravidez não planejada, infecções sexualmente transmissíveis, incluindo HIV, e muitos outros problemas de saúde.

O braço da OMS nas Américas avalia que a prevenção da violência exige o enfrentamento das desigualdades econômicas e sociais sistêmicas, garantindo o acesso à educação e ao trabalho seguro e mudando as normas e instituições discriminatórias de gênero.  
Banco Mundial/Juan Ignacio Coda
O braço da OMS nas Américas avalia que a prevenção da violência exige o enfrentamento das desigualdades econômicas e sociais sistêmicas, garantindo o acesso à educação e ao trabalho seguro e mudando as normas e instituições discriminatórias de gênero.  

Normas sociais injustas

Isso tem impactos na sociedade como um todo e gera custos enormes, impactando os orçamentos nacionais e o desenvolvimento. 

O braço da OMS nas Américas avalia que a prevenção da violência exige o enfrentamento das desigualdades econômicas e sociais sistêmicas, garantindo o acesso à educação e ao trabalho seguro e mudando as normas e instituições discriminatórias de gênero.  

As intervenções bem-sucedidas também incluem estratégias que garantam que os serviços essenciais estejam disponíveis e acessíveis às sobreviventes, que apoiem as organizações de mulheres, desafiem as normas sociais injustas, reformem as leis discriminatórias e fortaleçam as respostas legais, entre outros.