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ONU preocupada com surto de Covid-19 após dezenas de mortes na Coreia do Norte BR

Comunicado solicita que Pyongyang discuta com as Nações Unidas a abertura de canais de apoio humanitário, incluindo medicamentos e vacinas
OMS/Iran
Comunicado solicita que Pyongyang discuta com as Nações Unidas a abertura de canais de apoio humanitário, incluindo medicamentos e vacinas

ONU preocupada com surto de Covid-19 após dezenas de mortes na Coreia do Norte

Saúde

Autoridades declararam que mais de 663 mil pessoas recebem tratamento para “febre”; escritório a ONU receia  impacto arrasador e sugere medidas necessárias, proporcionais, não discriminatórias, com prazo definido.

A agência estatal de notícias da Coreia do Norte informou que o surto de Covid-19 recentemente anunciado no país matou pelo menos 56 pessoas, incluindo seis crianças. 

Até segunda-feira, outros 663.910 cidadãos do país asiático recebiam tratamento médico devido a febres, segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU.

Isolamento 

Os especialistas das Nações Unidas relatam profunda preocupação tanto com o provável impacto da situação nos direitos humanos, como com o bloqueio imediato declarado pelas autoridades norte-coreanas.

De acordo com relatos da agência oficial, a variante Ômicron foi detectada na capital Pyongyang. Militares foram mobilizados para acompanhar as restrições, que incluem um isolamento mais rigoroso e a suspensão  de viagens.

Na falta de vacinação, disseminação pode ter um impacto arrasador na situação dos direitos humanos.
UNICEF/Bashir Ahmed Sujan
Na falta de vacinação, disseminação pode ter um impacto arrasador na situação dos direitos humanos.

 

 

Para o Escritório da ONU, essas medidas terão consequências terríveis para aqueles que dificilmente atendem suas necessidades básicas, incluindo obter comida suficiente para comer. Crianças, mães lactantes, idosos, moradores de rua e residentes em áreas rurais e fronteiriças mais isoladas sofrem mais com a situação.

Os detidos correm o risco de infecção devido às altas concentrações de pessoas em espaços confinados e ao acesso limitado à higiene e aos cuidados de saúde. A desnutrição já era generalizada em locais de detenção antes do início da pandemia.

Equipamento 

A ONU destaca que na falta de qualquer implementação de vacinação, a disseminação pode ter um impacto arrasador na situação dos direitos humanos. A  infraestrutura nacional de saúde é muito limitada para lidar com a crise, pois carece de capacidade para testes, além de medicamentos essenciais e equipamentos.

As fronteiras da Coreia do Norte foram fechadas em janeiro de 2020, quando a pandemia começou a se espalhar pelo mundo. Para as Nações Unidas, a medida  limitou a liberdade de movimento interno, que resultou no acesso restrito a alimentos, medicamentos e assistência médica. 

Pyongyang, capital da Coreia do Norte.
Unicef/Jeremy Horner
Pyongyang, capital da Coreia do Norte.

 

Mas também houve um aumento na repressão dos direitos civis e políticos durante o período, que incluiu uma política que “autoriza o uso de força letal contra pessoas que tentem sair ou entrar no país e punições  mais severas para acesso a informações independentes de fora” do território norte-coreano.

O apelo do escritório é que as autoridades garantam que todas as medidas adotadas para combater a pandemia sejam “necessárias, proporcionais, não discriminatórias, com prazo determinado e estritamente de acordo com o direito internacional humanitário”. 

Abordagem eficaz

Outro pedido é que seja analisado o impacto de quaisquer medidas nas populações vulneráveis, tendo em conta a experiência em lugares onde houve uma abordagem eficaz da pandemia. 

Para a mitigação de qualquer impacto adverso, a recomendação é que “as políticas públicas sejam sólidas com aplicação de recursos estatais suficientes”.

Com urgência, o comunicado solicita que Pyongyang discuta com as Nações Unidas a abertura de canais de apoio humanitário, incluindo medicamentos, vacinas, equipamentos e outros itens essenciais para salvar vidas. 

Por fim, a entidade da ONU pede que as autoridades  norte-coreanas facilitem  o retorno de funcionários internacionais para ajudar na prestação de apoio no país, inclusive para populações vulneráveis e os que vivem em áreas rurais e fronteiriças.