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OMS faz recomendações para melhorar cuidados pós-aborto BR

Relatório cita ameaça causada pela Covid-19 a alguns avanços dos últimos anos.
© Unfpa Myanmar/Yenny Gamming
Relatório cita ameaça causada pela Covid-19 a alguns avanços dos últimos anos.

OMS faz recomendações para melhorar cuidados pós-aborto

Mulheres

Avaliação da OMS em países da África Subsaariana mostra que atendimento impróprio e crenças prejudiciais mantidas por profissionais de saúde são desafios; 45% dos 73 milhões de abortos feitos anualmente são inseguros e principal causa de mortes maternas; agência afirma que além de problema de saúde pública, dados apontam para violações aos direitos humanos.  

A Organização Mundial da Saúde, OMS, publicou um estudo sobre a qualidade dos cuidados de saúde em vítimas de complicações relacionadas ao aborto.

A entidade lembra que muitas meninas e mulheres continuam a morrer devido às consequências negativas do procedimento feito de forma insegura e que faltam informações sobre como provedores e sistemas de saúde podem melhorar o atendimento.

Dia dos Direitos Humanos debate a redução das desigualdades.
ONU Mulheres
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Resultados

O estudo completo considerou 17 países da África, América Latina e Caribe e os resultados buscam melhorar a efetividade do manejo clínico e atendimento de pacientes que enfrentam complicações.

Em um recorte específico sobre a África Subsaariana, o médico da OMS, Özge Tunçalp, afirma que o documento mostra que ainda há muito o que fazer para garantir cuidados pós-aborto de qualidade e respeitosos para todos.

A pesquisa entrevistou mais de 23 mil mulheres que buscaram os serviços de saúde, em sua maioria com complicações leves ou moderadas. Algumas entrevistadas tiveram problemas mais graves e potencialmente fatais.

As sugestões práticas, especialmente para região subsaariana, se baseiam em três pilares: melhorar o acesso a serviços de qualidade e o atendimento pós-aborto bem como identificar e abordar crenças prejudiciais mantidas por profissionais de saúde.

Isso inclui reconhecer e abordar as limitações dos sistemas de saúde e garantir que meninas e mulheres sejam empoderadas.

Os autores da pesquisa, os professores Seni Kouanda e Zahida Qureshi, reconhecem que há muitos obstáculos para assegurar abortos e pós-abortos seguros para todas as mulheres. 

Eles acreditam que os esforços do estudo representam um passo importante e esperam que o trabalho inspire inovações e ideias para ajudar a cumprir os direitos reprodutivos das mulheres.

Números

Segundo a OMS, 73 milhões de abortos induzidos acontecem anualmente em todo o mundo. Procedimentos inseguros são a principal causa de morte e sequelas entre as mulheres.

A agência afirma que os casos poderiam ser evitados com acesso ao atendimento adequado, no tempo correto, e financeiramente acessíveis. 

Assim, a agência entende que a falta de cuidados gera um problema de saúde pública e violações aos direitos humanos.

Abortos conduzidos de forma equivocada podem causar complicações físicas e mentais, além de problemas sociais e financeiros para mulheres, comunidades e sistemas de saúde.

Seis em cada 10 das gestações não planejadas acabam em abortos. Desses, 45% não são feitos de forma correta. Quase a totalidade de procedimentos inseguros acontecem em países em desenvolvimento.