Após resgate, onça-pintada retorna à natureza na Argentina
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, possui projeto para proteger espécie ameaçada de extinção; com apoio de parceiros, agência libertou macho, que deu origem a quatro filhotes; representante afirma que ações para reduzir conflito entre onças e produtores de gado é fundamental para manutenção da fauna.
A onça-pintada Jatobazinho foi solta no pantanal de Iberá, na Argentina, no começo deste ano, graças a uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma. Em extinção, ele é o primeiro macho a viver na região após 70 anos.
Encontrado próximo a uma escola, na fronteira com o Brasil, em 2019, o animal foi resgatado pelas autoridades brasileiras e uma ONG local fez os atendimentos médicos.
Proteção
Meses depois, ele foi levado ao Centro de Reintegração de onça-pintada do Parque Iberá. Sua presença no local foi fundamental para o nascimento de quatro filhotes.
A ação do Pnuma busca proteger a espécie. Apenas no Panamá, mais de 40% do habitat dos grandes felinos foi perdido devido ao aumento da urbanização, projetos de infraestrutura, agricultura e pecuária.
O programa em Iberá busca recuperar o papel ecológico de seu principal predador. Na Argentina, a espécie perdeu mais de 95% de sua área de distribuição original.
O projeto realizado com o apoio do Global Environment Facility, GEF, é o maior esforço de conversação da onça-pintada do país.
O principal objetivo é reduzir o declínio da espécie adotando medidas contra a predação para evitar conflitos entre homens e onças.
As medidas ajudam a proteger o gado das onças. Cercas elétricas, monitoramento com armadilhas fotográficas e outras tecnologias, auxiliam no posicionamento de pastagens e modificação dos padrões de rotação do gado.
Relação com a natureza
Segundo a agência da ONU, os esforços de conservação da biodiversidade são importantes diante da atual crise ecológica.
Como aponta o principal relatório divulgado pelo Pnuma, as espécies estão sendo extintas muito mais rápido do que no ritmo natural.
A especialista do Pnuma, Thais Narciso, afirma que proteger e restaurar a natureza é a opção mais econômica na luta para estabilizar o clima.
Segundo ela, os seres humanos são criticamente dependentes de ecossistemas e habitats saudáveis que permitem que espécies selvagens prosperem, mas o sucesso depende do apoio da comunidade local, liderança do governo e esquemas de financiamento que podem desbloquear de forma coesa o financiamento nacional, internacional e privado.
Compromissos
Embora as áreas protegidas tenham expandido consideravelmente entre 2010 e 2020, um estudo do Pnuma constata que o compromisso da comunidade internacional com a qualidade dessas áreas ficou aquém das expectativas.
Os dados apontam que um terço das principais áreas de biodiversidade não possui cobertura e menos de 8% da terra é protegida e conectada.
Em agosto de 2021, a COP15 reafirmou a urgência de reverter a perda de biodiversidade até 2030, minimizando a degradação de ecossistemas e contendo as mudanças climáticas para alcançar o desenvolvimento sustentável.
Espécies-chave, como a onça-pintada, o maior felino das Américas, desempenham um papel fundamental na estrutura e funcionamento dos ecossistemas.
Segundo o Pnuma, seu retorno restaura a saúde e a integridade, componentes essenciais que ajudam a mitigar a perda global de biodiversidade e as mudanças climáticas.