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Estudo alerta para altos níveis de depressão entre trabalhadores de saúde da América Latina BR

Saúde mental dos profissionais de saúde da América Latina foi afetada de forma muito negativa após a pandemia.
Unsplash/Dmitry Schemelev
Saúde mental dos profissionais de saúde da América Latina foi afetada de forma muito negativa após a pandemia.

Estudo alerta para altos níveis de depressão entre trabalhadores de saúde da América Latina

Saúde

Pesquisa liderada pela Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, revela que muitos desses profissionais têm pensamentos suicidas; pandemia está por trás da situação; avaliação envolveu médicos e enfermeiros em 11 países da região. 

A pandemia de Covid-19 tem contribuído para índices elevados de depressão entre profissionais de saúde da América Latina. Uma pesquisa liderada pela Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, mostra que os níveis de stress psicológico e até mesmo de pensamentos suicidas também estão altos.  

O estudo foi feito em parceria com a Universidade do Chile e a Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Entre 14,7% e 22% dos profissionais de saúde entrevistados apresentaram sintomas de depressão e até 15% confirmaram já ter tido pensamentos suicidas.  

Especialistas do Brasil  

Com a pressão da pandemia, muitos profissionais tiveram a saúde mental abalada, chegando até mesmo a pedirem demissão.
OIM/Nate Webb
Com a pressão da pandemia, muitos profissionais tiveram a saúde mental abalada, chegando até mesmo a pedirem demissão.

Segundo a Opas, em alguns países, o atendimento psicológico só estava ao alcance de apenas um terço dos profissionais que precisavam do serviço. O diretor de Departamento de Saúde Mental da Opas declarou que “a pandemia aumentou o peso sobre os profissionais de saúde” devido às horas de trabalho ainda mais exaustivas e dilemas éticos que tiveram um impacto na saúde mental.  

Anselm Hennis lembrou que a pandemia ainda não acabou e por isso, “é essencial cuidar daqueles que cuidam de nós”.  

Foram entrevistados mais de 14,5 mil médicos, enfermeiros e outros trabalhadores de saúde na Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Guatemala, México, Peru, Porto Rico, Venezuela e Uruguai.  

A Opas lista vários fatores que afetaram a saúde mental dos profissionais: necessidade de receber apoio emocional e financeiro, receio de infecção de familiares, conflitos com parentes de infectados e pessoas sob cuidados médicos e mudanças regulares nos turnos de trabalho.  

Políticas específicas  

Opas está oferecendo curso online gratuito.
Ocha/Giles Clarke
Opas está oferecendo curso online gratuito.

Por outro lado, a confiança em que as instituições de saúde e os governos poderiam lidar com a pandemia, ter o apoio dos colegas de profissão e ter uma conexão religiosa ou espiritual foram apontados como fatores que ajudaram a proteger a saúde mental.  

Um dos principais autores do estudo, o pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile, Rubén Alvarado, declarou que “a pandemia aumentou o stress, a ansiedade e a depressão entre profissionais de saúde, revelando que os países não têm políticas específicas para proteger a saúde mental do grupo”.  

Por isso, o estudo destaca ser urgente desenvolver esse tipo de política e de ações, garantindo ainda um ambiente de trabalho com condições adequadas, salários decentes e condições contratuais estáveis.  

Curso online gratuito  

O epidemiologista da Universidade de Columbia e também autor do estudo, Ezra Susser, destaca que dois anos depois da pandemia, muitos profissionais não estão tendo o apoio necessário. Ele teme que muitos desenvolvam doenças mentais nos próximos anos.  

Para promover estilos de vida saudáveis entre profissionais de saúde, a Opas acaba de lançar um curso online gratuito sobre autocuidado. A capacitação ajuda a avaliar o stress relacionado ao trabalho, identificar riscos e sinais de saúde mental desequilibrada.