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Crise climática pode empurrar mais 189 milhões de pessoas para a fome BR

Secas em Madagáscar colocam o país africano entre aqueles onde há mais fome.
Foto: © UNICEF/Safidy Andriananten
Secas em Madagáscar colocam o país africano entre aqueles onde há mais fome.

Crise climática pode empurrar mais 189 milhões de pessoas para a fome

ODS

No Dia Mundial da Alimentação, PMA destaca que a maioria das comunidades vulneráveis depende da agricultura, da pesca e da criação de gado para sobreviver; pandemia gera alta no preço dos alimentos e para especialista, solução passa por criatividade na hora de cozinhar. 

Uma análise do Programa Mundial de Alimentos, PMA, mostra que se a temperatura global aumentar 2° Celsius, 189 milhões de pessoas a mais vão enfrentar fome. O alerta marca o Dia Mundial da Alimentação este sábado, 16 de outubro. 

Segundo o PMA, a maioria das comunidades vulneráveis depende da agricultura, da pesca ou da criação de gado para sobreviver. O diretor-executivo da agência, David Beasley, explica que “a crise climática está abastecendo uma crise alimentar.”  

Novo normal  

Mãe ajuda a filha de três anos a comer papas de aveia.
Foto: © UNICEF/Bektur Zhanibekov
Mãe ajuda a filha de três anos a comer papas de aveia.

No  Madagáscar, por exemplo, secas severas já empurram 1,1 milhão de pessoas para a fome. Mais de 60% da população do país africano são agricultores ou criadores que ficaram ser meio de subsistência.  

O diretor-executivo do PMA ressalta que este “é o novo normal” e por isso é essencial “controlar os riscos climáticos, para que não tenham mais o poder de destruir a segurança alimentar.” 

No Dia Mundial da Alimentação, a ONU destaca também que a pandemia de Covid-19 já colocou 140 milhões de pessoas em uma situação de fome. Uma realidade de muitas famílias do Brasil, que tiveram queda na renda e precisaram cortar despesas, incluindo na alimentação. 

Cozinhar com alimentos mais baratos  

Abacates, mangas e bananas vendidos em feira de rua
Foto: FAO/Pier Paolo Cito
Abacates, mangas e bananas vendidos em feira de rua

De São Paulo, a nutricionista e líder da área de Saúde da ONG Fundação Abrinq, Cíntia da Cunha Otoni, explicou à ONU News que é preciso muita criatividade para economizar e ao mesmo tempo, fazer refeições saudáveis. 

“As famílias que têm rendas mais apertadas nesse momento de pandemia têm que procurar alimentos de época, que normalmente estão mais abaixo do custo. Falando um pouco da questão do reaproveitamento dos alimentos, se a gente compra uma beterraba com talos, a gente consegue utilizar esses talos num cozido, com legumes. Utilizar, por exemplo, carnes que estão mais em conta, por exemplo, músculo cozido com talos desses alimentos, como beterraba e cenoura, são algumas das alternativas.” 

A especialista da Fundação Abrinq, Cíntia da Cunha Otoni, destaca ainda que o encerramento das escolas prejudicou milhões de crianças que dependem da merenda escolar para fazer pelo menos uma refeição por dia.  

Neste ano, o Dia Mundial da Alimentação tem o tema “Nossas Ações são o Nosso Futuro”, focando numa melhor produção alimentar e melhor nutrição para todos.