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Um ano após explosão, Beirute carece de solidariedade global para o fim de crises BR

Amina Mohammed, vice-secretária-geral
ECA
Amina Mohammed, vice-secretária-geral

Um ano após explosão, Beirute carece de solidariedade global para o fim de crises

Ajuda humanitária

ONU renova pedido de investigação imparcial, completa e transparente um ano após tragédia no porto da capital do Líbano; metade da população vive na pobreza; um terço dos habitantes enfrenta insegurança alimentar.

Uma Conferência Internacional de Apoio ao Povo Libanês juntou esta quarta-feira a comunidade internacional em Paris. O evento organizado pelas Nações Unidas e pelo Governo da França marcou um ano desde a explosão no porto de Beirute.

Na conferência, a vice-secretária-geral Amina Mohammed disse que existe uma oportunidade única de se “renovar o compromisso e prestar auxílio financeiro imediato e essencial para prevenir uma catástrofe humanitária”.

Um ano após explosão, Beirute ainda precisa de ajuda para superar crises

Recuperação

Amina Mohammed defendeu que não bastam os esforços de emergência por si só, mas apoiar a crise envolve lançar as bases para uma recuperação forte, inclusiva e de longo prazo em linha com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Para a vice-chefe da ONU, o momento atual é de solidariedade global para acabar com a catástrofe humanitária e econômica. A explosão que matou cerca de 200 pessoas causou milhares de deslocados.

Desenhos de uma criança um ano após a explosão de Beirute
Unicef/UN0497038
Desenhos de uma criança um ano após a explosão de Beirute

 

Mohammed disse que ainda é preciso apurar os fatos numa investigação imparcial, completa e transparente do incidente, no país que enfrenta uma das piores crises de sua história recente.

Ela destacou que a economia está em queda livre, as instituições e serviços básicos entrando em colapso, a sociedade se fragmentando e a população em extrema necessidade.

Sem governo

Com quase um ano sem governo e sob a liderança do primeiro-ministro indicado Najib Mikati, a expectativa da ONU é que haja uma rápida formação de um executivo libanês para implementar reformas e enfrentar as crises.

A vice-secretária-geral também defende que sejam criadas instituições fortes para oferecer alívio, justiça e indemnização aos que precisam no Líbano.

Unesco realçou que mobiliza fundos para recuperar parte de 226 escolas destruídas em Beirute
Pnud Líbano
Unesco realçou que mobiliza fundos para recuperar parte de 226 escolas destruídas em Beirute

 

Para a vice-chefe da ONU "um governo de interesse nacional seguiria um curso ambicioso de reformas e restauraria a estabilidade, o crescimento e as perspectivas de um futuro democrático com maiores oportunidades e aproveitamento do potencial".

A conferência destacou as necessidades urgentes da população libanesa, com mais da metade vivendo na pobreza. Um terço dos habitantes do país sofre de insegurança alimentar.

Ensino

Quase 4 milhões de pessoas correm o risco de não ter acesso à água potável. Centenas de milhares de crianças estão na iminência de abandoar a escola e o desemprego está aumentando.

A Unesco realçou que mobiliza fundos para recuperar parte das 226 escolas, cuja destruição deixou pelo menos 85 mil alunos afetados. Um total de 20 centros de treinamento e 32 instalações universitárias foi danificado na explosão.

Um jovem libanês observa a área das explosões do Porto de Beirute
Unicef//UN0496106/Ibarra Sanch
Um jovem libanês observa a área das explosões do Porto de Beirute