Relatores para os direitos humanos apontam “campanha de terror” em Mianmar
Mary Lawlor e Tom Andrews pedem uma resposta mais forte da comunidade internacional; entre medidas propostas estão sanções econômicas e embargo de armas; especialistas receberam denúncias de ameaças contra defensores de direitos humanos, que estão sendo obrigados a se esconderem.
Relatores das Nações Unidas para os Direitos Humanos estão pedindo uma resposta internacional mais forte em relação à situação em Mianmar.
Os especialistas sugerem que seja criada “uma coalizão de emergência de nações”, que imponha ao país asiático sanções econômicas e embargo de armas.
Fuga
A declaração da relatora especial da ONU para os defensores de direitos humanos, Mary Lawlor, e do relator especial para os direitos humanos em Mianmar, Tom Andrews, foi divulgada esta segunda-feira, em Genebra.
Para os especialistas, Mianmar está enfrentando “uma campanha de terror com uma força brutal”. Os relatores receberam “informações fidedignas” sobre defensores de direitos humanos que foram forçados a se esconderem após receberem mandados de prisão.
Esses defensores tiveram suas casas invadidas, seus bens apreendidos e houve ameaças e assédios aos familiares. Muitos que não conseguiram fugir acabaram sendo detidos, incluindo defensores dos direitos trabalhistas e ativistas.
Coalizão Internacional
Desde o golpe de Estado em Mianmar, houve ainda a prisão de advogados e de jornalistas que estavam cobrindo os protestos. Segundo a relatora Mary Lawlor, esses profissionais têm documentado as violações em massa por parte dos militares, e por isso, têm sido alvo.
Na declaração conjunta, os relatores da ONU destacam que “o povo de Mianmar precisa, desesperadamente, de ação”. Lawlor e Andrews pedem, a todas as nações,’ o “apoio às pessoas feitas reféns pela junta militar ilegal”.
Os especialistas avaliam ser o momento de “uma ação forte, coordenada e focada, que inclua sanções econômicas e embargo de armas”.
Violência a Mulheres
Lawlor e Andrews também destacam o trabalho de mulheres que são defensoras dos direitos humanos em Mianmar e estão sob risco, incluindo as que vivem em áreas rurais remotas.
Os especialistas da ONU destacam que essas mulheres geralmente são espancadas e recebem chutes antes de serem levadas à prisão, onde podem ser vítimas de tortura e de violência sexual.
Quase 900 pessoas foram mortas desde o golpe e por isso os relatores querem mais solidariedade internacional com os defensores de direitos humanos, para evitar mais ataques.