Insegurança alimentar extrema pode ameaçar 2,6 milhões de somalis até metade do ano
ONU revela que situação é resultado da “tripla ameaça” da Covid-19, infestações de gafanhotos do deserto e choques climáticos; FAO e Governo da Somália querem apoio urgente para garantir auxílio de emergência.
Mais de 2,6 milhões de pessoas devem enfrentar extrema insegurança alimentar na Somália até meados deste ano.
Um relatório publicado esta quarta-feira indica que o país terá chuvas fracas, enchentes e gafanhotos do deserto causando essa situação. A pesquisa apela à oferta de auxílio humanitário sustentado e em grande escala.
Vigilância
A análise foi divulgada pela Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome, Fews, e a Unidade de Análise de Segurança Alimentar e Nutrição da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.
Em nota, a agência da ONU e o Governo da Somália pediram o aumento urgente do apoio para que continuem os esforços de controle e vigilância de gafanhotos do deserto e o fornecimento de apoio de emergência próximos meses.
De acordo com a publicação, a praga dos gafanhotos do deserto continuará aumentando o risco de danos às pastagens e às plantações em todo o país.
A probabilidade de chuvas abaixo da média durante a época entre abril e junho na maior parte do país deve agravar ainda mais a insegurança alimentar e nutricional para milhões de pessoas.
Plantações
Para o ministro da Agricultura e Irrigação da Somália, Said Hussein Iid, mesmo depois de um progresso relativo, o novo surto de gafanhotos do deserto continua destruindo as plantações.
O governante disse que as autoridades somalis continuarão atuando como uma força combinada para combater a ameaça e mitigar o potencial de um resultado mais arrasador.
A representante da FAO na Somália, Etienne Peterschmitt, lembrou que a colaboração com o governo permitiu que equipes e parceiros continuassem as operações de controle e vigilância, ao mesmo tempo que prestavam assistência humanitária crucial. Eles também apoiaram a população com meios de subsistência em “circunstâncias extremamente desafiadoras”.
Atualmente, a resposta de emergência tem aumentado com foco em intervenções para “reduzir lacunas no consumo de alimentos, salvando vidas e protegendo e preservando meios de subsistência”.
Insegurança
No último semestre de 2020 cerca de 1,8 milhão de pessoas receberam ajuda alimentar por mês, em média, em partes da Somália. O apoio humanitário e governamental em grande escala ajudou a minimizar a magnitude da crise.
Mas a agência revelou que precisa de fundos urgentes para impulsionar esforços para reduzir novas ameaças. Pelo menos 1,6 milhão de pessoas enfrentam um nível de crise ou pior no primeiro trimestre de 2021.
Outros 2,5 milhões de pessoas estão sob pressão, o que eleva o total de vítimas de insegurança alimentar aguda para 4,1 milhões. Esse número inclui cerca de 840 mil crianças menores de cinco anos que poderão sofrer desnutrição aguda.
Emergência
Entre abril a junho, a insegurança alimentar deverá piorar. As principais vítimas serão as populações rurais pobres, urbanas e deslocadas, devido às várias ameaças e crises.
A FAO recomenda que a ajuda humanitária seja mantida até meados de 2021, para evitar um cenário de crise ou emergência para cerca de 2,7 milhões de pessoas.
Para o vice-representante especial do secretário-geral da ONU na Somália, Adam Abdelmoula, o que agrava as crises prolongadas no país é a “tripla ameaça” da pandemia, das infestações de gafanhotos do deserto e choques climáticos.
O também coordenador residente e humanitário pediu que os parceiros humanitários continuem a ação conjunta para garantir que os somalis mais vulneráveis resistam aos desafios e estejam resilientes em crises futuras.