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Conferência de doadores busca alcançar meta de US$ 1 bilhão para apoiar rohingyas   BR

Criança recebendo comida em Ukhiya, Cox’s Bazar, Bangladesh.
PMA/Saikat Mojumder
Criança recebendo comida em Ukhiya, Cox’s Bazar, Bangladesh.

Conferência de doadores busca alcançar meta de US$ 1 bilhão para apoiar rohingyas  

Migrantes e refugiados

ONU precisa do valor para atender necessidades humanitárias de refugiados em Bangladesh; atualmente menos da metade dos fundos está disponível; pandemia de Covid-19 também criou novos desafios e necessidades. 

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, organiza esta quinta-feira, junto com os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia, uma conferência virtual de doadores para atender as necessidades humanitárias urgentes do povo rohingya. 

A resposta humanitária está enfrentando uma queda dramática em 2020. De acordo com a agência, menos da metade dos fundos solicitados foram recebidos até o momento. 

Pandemia de Covid-19 criou novos desafios
Pandemia de Covid-19 criou novos desafios, OIM/Abdullah Al Mashrif

Necessidades 

Para este ano, são necessários mais de US$ 1 bilhão para atender às necessidades humanitárias desses refugiados. A pandemia de Covid-19 também criou novos desafios e dificuldades. 

Falando a jornalistas em Genebra, o porta-voz do Acnur, Andrej Mahecic, destacou a necessidade de um apoio internacional mais forte e de redobrar os esforços em busca de soluções para essa população apátrida. 

Segundo o porta-voz, o apoio para serviços essenciais nas comunidades anfitriãs também é uma prioridade. 

Atualmente, 860 mil rohingyas vivem em assentamentos no distrito de Cox's Bazar, em Bangladesh. A maioria deles, cerca de 740 mil, fugiu de Mianmar durante a crise de deslocamento mais recente em 2017. 

Outros países da região abrigam cerca de 150 mil refugiados. Cerca de 600 mil pessoas desta minoria étnica ainda vivem no estado de Rakhine, em Mianmar. 

Crise 

Em toda a região, grande parte dos rohingyas vive à margem da sociedade e precisa ter acesso garantido a cuidados básicos de saúde, água potável, um suprimento confiável de alimentos ou trabalho significativo e oportunidades educacionais. 

A pandemia piorou suas condições de vida, tornando o acesso aos serviços ainda mais desafiador. Também aumentou o risco de violência sexual e de gênero e exacerbou os impactos de doenças infecciosas para os deslocados em acampamentos lotados, como os de Cox's Bazar e no estado birmanês de Rakhine. 

Refugiados da minoria Rohingya na fronteira entre Myanmar e Bangladesh.
Refugiados da minoria Rohingya na fronteira entre Myanmar e Bangladesh, UNICEF/Brown

Andrej Mahecic disse que “a comunidade internacional e os países da região devem não apenas manter o apoio aos refugiados e seus anfitriões, mas também se adaptar às novas necessidades críticas e expandir a busca por soluções.” 

Retorno 

Para o Acnur, o foco deve continuar sendo o retorno voluntário, seguro, digno e sustentável dos refugiados e outros deslocados às suas casas ou a um local de sua escolha em Mianmar. 

Segundo a agência, a responsabilidade pela criação de condições favoráveis ​​ao retorno é das autoridades de Mianmar. O processo deve envolver toda a sociedade, abrir o diálogo entre autoridades e refugiados, além de construir confiança entre as partes. 

Esse trabalho inclui o levantamento das restrições à liberdade de movimento, permitindo que os rohingyas retornem às suas próprias aldeias e oferecendo um caminho claro para a cidadania. 

Os fundos arrecadados na conferência irão para organizações internacionais, ONGs e para o Plano de Resposta Conjunta liderado pela ONU.