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Mercado de trabalho absorve menos de 50% das mulheres em idade ativa  BR

Funcionárias de fábrica no Canbodja, usando medidas de proteção individual
OIT/Marcel Crozet
Funcionárias de fábrica no Canbodja, usando medidas de proteção individual

Mercado de trabalho absorve menos de 50% das mulheres em idade ativa 

Mulheres

Proporção está quase estagnada em 25 anos; relatório interativo Mulheres no Mundo 2020: Tendências e Estatísticas ilustra dados sobre igualdade de gênero; publicação alerta sofre efeitos da pandemia sobre empregos e meios de subsistência do grupo.

As Nações Unidas revelaram que menos da metade das mulheres em idade ativa está no mercado de trabalho. Essa proporção quase não mudou nos últimos 25 anos, de acordo com um novo relatório lançado esta terça-feira em Nova Iorque.

A participação feminina no trabalho doméstico e na prestação de cuidados não remunerados é quase desproporcional. A situação reduz o potencial econômico do grupo, uma vez que a pandemia também afeta seus empregos e meios de subsistência.

Em 2020, somente a China registrou 1,5 milhão de pedidos de patente, praticamente metade dos 3,2 milhões de requerimentos mundiais
Trabalhadora em fábrica em Zhejiang, na China, by OIT

Empoderamento 

A publicação Mulheres no Mundo 2020: Tendências e Estatísticas compila 100 dados para ilustrar o estado da igualdade de gênero em todo o mundo.

O portal interativo aborda a igualdade de gênero em categorias como população e famílias, saúde, educação, empoderamento econômico e posse de bens, poder e tomada de decisão, violência a mulheres e meninas e impacto da Covid-19.

Em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática, as mulheres continuam sub-representadas, sendo pouco mais de 35% do total de graduados no mundo. A tendência é a mesma  na pesquisa e desenvolvimento científico, onde o grupo representa menos de um terço do total global.

O nível da violência a mulheres e meninas continua sendo problemático e esse risco subiu durante as medidas de confinamento contra a Covid-19. Muitas delas foram isoladas em ambientes inseguros que lhes expuseram ao maior risco de sofrer violência pelo parceiro íntimo.

Mortes 

Nos casos mais extremos, o nível da violência contra as mulheres é letal: em todo o mundo, ocorrem cerca de 137 mortes diárias pelo parceiro íntimo ou cometida por um membro da família.

Embora a mutilação genital feminina ocorra com menor frequência em alguns países, pelo menos 200 milhões das vítimas sobreviveu a esta forma específica de violência no continente africano e no Oriente Médio, onde a prática prevalece. 

Como um sinal de mudança de atitudes, o nímero de mulheres que aceitam ser espancadas por seus parceiros diminuíu em quase 75% em países com dados divulgados nos últimos sete anos.

O secretário-geral António Guterres comentou a publicação realçando que 25 anos após a adoção da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, “o progresso em direção à igualdade de poder e direitos iguais para as mulheres continua indefinido.” 

Mulheres e jovens  estão entre os que mais sofrem com efeitos econômicos da pandemia
Mulheres e crianças estão sofrendo mais com efeitos econômicos da pandemia, by PMA/Isheeta Sumra

Recuperação 

Para o chefe da ONU, a Década de Ação para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e os esforços por uma melhor recuperação da pandemia oferecem uma chance de transformar a vida de mulheres e meninas, hoje e amanhã”.

Em nível global, o grupo soma cerca de três vezes mais horas em trabalho doméstico e da prestação de cuidados não remunerados do que os homens: são 4,2 horas em comparação com 1,7 do sexo oposto.

Essa diferença é ainda maior no norte da África e na Ásia Ocidental, onde mulheres se dedicam a essas atividades acima de sete vezes mais horas do que os homens.

O documento aponta ainda um aumento da participação feminina na educação em todo o mundo. No nível superior, elas superam os homens e as matrículas aumentam mais rapidamente para as mulheres do que para os homens.