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FMI: Guiné-Bissau precisa de estratégia nacional com pormenores contra a corrupção   BR

FMI recomenda a promulgação da lei geral tributária na Guiné-Bissau.
IMF/Henrik Gschwindt de Gyor
FMI recomenda a promulgação da lei geral tributária na Guiné-Bissau.

FMI: Guiné-Bissau precisa de estratégia nacional com pormenores contra a corrupção  

Desenvolvimento econômico

Assistência técnica da instituição abre caminho para o reforço da governança e combate à corrupção no país; especialistas do órgão recomendam promulgação da lei geral e regime das infrações adotadas há dois anos.*
   

A arrecadação de receitas na Guiné-Bissau vai baixar de 12,5%, em 2019, para 9,7% este ano. As projeções constam do último relatório de assistência técnica do Fundo Monetário Internacional, FMI, e apontam a crise de Covid-19 como principal responsável pela queda.

O relatório destaca as vulnerabilidades institucionais, os mecanismos de reforço da luta contra a corrupção e a gestão das finanças públicas. 

Quadro

Questões em análise incluem temas como política, administração tributária e aduaneira, bem como o Estado de direito e regimes de branqueamento de capitais. 

Clareza na situação de mais de 2,8 mil funcionários-fantasmas pouparia o equivalente a US$ 1.285.350 milhão.
Maior clareza sobre situação de mais de 2,8 mil chamados "funcionários-fantasmas" pouparia o equivalente a US$ 1.285.350 milhão, by ONU.

A harmonização em curso do registo dos funcionários públicos e a folha de pagamento seguem algumas recomendações deste relatório. O FMI acredita que  o trabalho permitirá ao governo esclarecer a situação de mais de 2,8 mil chamados "funcionários-fantasmas" e poupar o equivalente a US$ 1.285.350 milhão. 

Falando à ONU News sobre a situação fiscal na Guiné-Bissau, o economista Aliu Soares Cassama disse que é preciso conter as despesas. 

“Nos últimos tempos, o país tem vindo a deparar com um défice fiscal brutal que ronda os 5% do Produto Interno Bruto, PIB. Significa isto que o país anda a coletar pouca receita e está a fazer muita despesa. Isso leva a Guiné-Bissau a endividar-se para poder resolver seus problemas correntes”.

Necessidades 

Em 67 páginas, o documento analisa a legislação do sistema de impostos, os critérios administrativos e a transparêcia. 

O desempenho da receita tributária da Guiné-Bissau apresenta o segundo pior indicador e gira em torno de 10%, situando-se debaixo do nível médio da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental, Cedeao, que é de 13,5% do PIB.

“Se o país continuar a endividar-se desenfreadamente corre sérios riscos de atingir o limite máximo exigido pelos critérios de convergência da Uemoa, que diz nenhum país pode endividar-se acima dos 70% do PIB”.

Recomendações

Para melhorar a performance de entidades que arrecadam receitas, o FMI recomenda a promulgação da lei geral tributária e o regime das infrações sobre o tema de 2018.

Os especialistas propõem ainda  a implementação de um controlo simplificado de trânsito aduaneiro, uma estrutura física de inspeção dos bens importados via terrestre e adoção de mecanismos de responsabilização. O órgão sugere a melhoria dos níveis de transparência através de taxas, leis e decisões judiciais.

Para a instituição, a provisão arbitrária de isenções de imposto ou incentivos “enfraquece o investimento, a mobilização de receitas e facilita o aproveitamento dos homens de negócio que buscam lucro e favoritismo das autoridades”.  

Estas águas subterrâneas são um recurso estratégico para a Guiné-Bissau, a Gâmbia, a Mauritânia e o Senegal
Irin/ Anna Jefferys
Estas águas subterrâneas são um recurso estratégico para a Guiné-Bissau, a Gâmbia, a Mauritânia e o Senegal

 

*Por Amatijane Candé, correspondente da ONU News.