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OIT: novo coronavírus pode causar perda de 25 milhões de postos de trabalho BR

Trabalhadores em Kabul, no Afeganistão. Estimativa do tempo de trabalho global desperdiçado no segundo trimestre deste ano é de 17,3%.
Banco Mundial/Abbas Farzami
Trabalhadores em Kabul, no Afeganistão. Estimativa do tempo de trabalho global desperdiçado no segundo trimestre deste ano é de 17,3%.

OIT: novo coronavírus pode causar perda de 25 milhões de postos de trabalho

Desenvolvimento econômico

Este é o pior cenário projetado pela agência da ONU; na melhor das hipóteses, pelo menos 5,3 milhões de empregos desapareceriam por causa da pandemia; Organização Internacional do Trabalho diz que frente unida em todo o mundo pode aliviar perdas. 

A crise econômica criada pela pandemia do novo coronavírus, covid-19, pode aumentar o número de desempregados no mundo com a perda de quase 25 milhões de postos de trabalho, segundo uma avaliação da Organização Internacional do Trabalho, OIT.  

Se houver uma resposta política global coordenada, no entanto, como na crise financeira global de 2008 e 2009, o impacto no desemprego poderá ser significativamente menor. 

OIT: Novo coronavírus pode causar perda de 25 milhões de postos de trabalho

Medidas 

A agência da ONU defende a adoção de medidas urgentes, em larga escala e coordenadas, baseadas em três pilares: proteger os trabalhadores no local de trabalho, estimular a economia e o emprego e, por fim, apoiar os postos de trabalho e a renda. 

Essas medidas incluem a ampliação da proteção social e o apoio à manutenção de empregos, seja através de trabalho com jornada reduzida, licença remunerada e outros subsídios. Também inclui benefícios fiscais e financeiros, inclusive para micro, pequenas e médias empresas. 

Além disso, a avaliação propõe medidas de políticas fiscal e monetária, além de empréstimos e do apoio financeiro a setores econômicos específicos. 

Cenários  

Com base em diferentes cenários, as estimativas da OIT indicam um aumento no desemprego global entre 5,3 milhões que pode ir até 24,7 milhões.  

Em termos comparativos, a crise financeira global de 2008-2009 aumentou o desemprego global em 22 milhões. 

Também se espera que o subemprego aumente em larga escala, pois as consequências econômicas da pandemia se traduzem em reduções nas horas de trabalho e nos salários. 

O trabalho autônomo nos países em desenvolvimento, que geralmente serve para amortecer o impacto das mudanças, pode não ter esse efeito desta vez, devido a restrições ao deslocamento de pessoas e de bens. 

Consumo 

Quedas no emprego também significam grandes perdas de renda para os trabalhadores. O estudo estima que essas perdas fiquem entre US$ 860 bilhões e 3,4 trilhões até o final de 2020. Isso se traduzirá em quedas no consumo de bens e de serviços 

Mercados financeiros têm mostrado trubulência causada pela vírus
Mercados financeiros têm mostrado trubulência causada pela vírus, Foto ONU/Mark Garten

Estima-se também que a pobreza no trabalho aumente significativamente, pois “a pressão sobre a renda resultante do declínio da atividade econômica arrasará os trabalhadores próximos ou abaixo da linha de pobreza”. 

A OIT estima que entre 8,8 milhões e 35 milhões a mais de pessoas estarão trabalhando em situação de pobreza em todo o mundo, em comparação com a estimativa original para 2020, que previa uma diminuição de 14 milhões. 

Respostas 

Em nota, o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, disse que esta “não é somente uma crise global da saúde, é também uma grande crise do mercado de trabalho e econômica que está causando um enorme impacto nas pessoas.” 

Segundo Ryder, “em 2008, o mundo formou uma frente unida para enfrentar as consequências da crise financeira global e o pior foi evitado.” Para ele, o mundo precisa “desse tipo de liderança e determinação agora.” 

Grupos 

O estudo da OIT alerta que certos grupos serão afetados desproporcionalmente pela crise do emprego, o que poderia aumentar a desigualdade. 

Isso inclui pessoas com empregos menos protegidos e com baixos salários, principalmente jovens e trabalhadores mais velhos, assim como mulheres e migrantes. 

Esses últimos são vulneráveis devido à falta de proteção e de direitos sociais. Já as mulheres, tendem a estar sobre representadas em empregos mal remunerados e nos setores afetados. 

O chefe da OIT destacou duas ferramentas que podem ajudar a mitigar os danos e a restaurar a confiança pública. Em primeiro lugar, o diálogo social, envolvendo os trabalhadores e os empregadores e seus representantes. Em segundo lugar, as normas internacionais de trabalho. Segundo Ryder, “tudo precisa ser feito para minimizar os danos às pessoas neste momento difícil.”