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Agência da ONU alerta sobre temperatura recorde de 18ºC na Antártida BR

Vista aérea de derretimento de geleiras na Antártica.
ONU/Eskinder Debebe
Vista aérea de derretimento de geleiras na Antártica.

Agência da ONU alerta sobre temperatura recorde de 18ºC na Antártida

Clima e Meio Ambiente

Organização Mundial de Meteorologia diz que marca é superior ao registro de 2015, quando os termômetros marcaram 17.5ºC; novo recorde ocorreu na base argentina,  Esperança, que fica no norte da Península Antártida.

Uma agência das Nações Unidas emitiu um comunicado sobre o aumento recorde da temperatura na Península Antártida.

Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, OMM, o registro de mais de 18ºC ocorreu, na quinta-feira, na base militar de Esperanza, da Argentina, que serve como centro de pesquisa.

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A maioria desde perda ocorreu quando as glaciais derreteram a partir de suas bases, após o contato com as águas mais quentes do oceano. Foto: OMM/Gonzalo Javier Bertolotto Quintana

Mar

Com a notícia, aumentou a onda de receios sobre a aceleração do derretimento das camadas de gelo e da subida do nível do mar.

A porta-voz da OMM, Clare Nullis, afirmou que o recorde registrado no norte do continente seria considerado raro até mesmo para os meses mais quentes do ano.

Ela lembrou que a base Esperanza fica no norte da Península Antártida. A marca de 18.3ºC no termômetro é mais alta que a temperatura de 17.5ºC, registrada em 2015.

Os especialistas da OMM devem agora verificar se os índices extremos são um novo recorde para toda a Antártida, o que é determinado pela principal parte continental.

A quantidade de gelo, perdida anualmente, das geleiras da Antártida aumentou pelo menos seis vezes entre 1979 e 2017.
Serviço Meteorológico Nacional da Argentina
A quantidade de gelo, perdida anualmente, das geleiras da Antártida aumentou pelo menos seis vezes entre 1979 e 2017.

Latitude

A OMM explica que não deve haver confusão com a região da Antártida, que é a parte que fica ao sul dos 60 graus de latitude, e onde a temperatura recorde de 19.8ºC foi notificada em janeiro de 1982, na Signy Island.

Os especialistas devem analisar se as condições meteorológicas deste recorde estariam relacionadas com o fenômeno conhecido como “foehn”.

Uma característica conhecida em regiões alpinas, os episódios de “foehn” incluem ventos em altitude e um aquecimento rápido do ar, à medida em que descem por picos e declives, levados por variado níveis de pressões do ar.

A porta-voz da OMM também lembrou que a Antártida é uma das regiões que aquecem mais rapidamente no planeta, e que esta parte da Península, em particular, está sofrendo com o fenômeno.

Nos últimos 50 anos a região aqueceu quase 3ºC.

A quantidade de gelo, perdida anualmente, das geleiras da Antártida aumentou pelo menos seis vezes entre 1979 e 2017.

Retração

A maioria desde perda ocorreu quando as glaciais derreteram a partir de suas bases, após o contato com as águas mais quentes do oceano.

O derretimento ocorre principalmente no oeste da Antártida, e num ritmo menor ao longo da Península e no leste do continente.

A OMM afirma que quase 87% das glaciais na costa oeste da Península sofreram uma retração nos últimos 50 anos. Na maioria delas, esta retração foi ainda mais rápida nos últimos 12 anos.

Imagens de satélite indicando as rachaduras na geleira de Pine Island na Antártida, onde foi registrado um rápido crescimento nos últimos dias.

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Satélite

O tema também preocupou monitores na União Europeia que estão acompanhando os movimentos da geleira com um satélite.

A Antártida tem quase o dobro do tamanho da Austrália. O terreno é frio, seco e com fortes ventos. A média anual de temperatura vai de 10 graus negativos na costa da Antártida e pode chegar a 60º negativos, nos picos mais altos do interior.

A camada de gelo é imensa e mede até 4,8 km em espessura além de conter 90% de toda a água doce do mundo, o que é suficiente para aumentar os níveis do mar em cerca de 60 metros, caso houvesse um completo derretimento das geleiras ali.

Num relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, Ipcc, divulgado em setembro, vários pesquisadores alertaram sobre as centenas de milhões de pessoas sob risco do derretimento de gelo nas regiões polares do planeta, o que está associado ao aumento do nível do mar.