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Acnur destaca riscos enfrentados por refugiados e migrantes venezuelanos vulneráveis BR

Uma média de 1,65 mil refugiados e migrantes da Venezuela continuam chegando a cada dia no Equador.
© Acnur/Santiago Escobar-Jarami
Uma média de 1,65 mil refugiados e migrantes da Venezuela continuam chegando a cada dia no Equador.

Acnur destaca riscos enfrentados por refugiados e migrantes venezuelanos vulneráveis

Migrantes e refugiados

Estudo da Agência das Nações Unidas para Refugiados foi baseado em mais de 7,8 entrevistas conduzidas em diversos países da América Latina e do Caribe; mais de um terço dos entrevistados disse não ter nenhum tipo de documentação.

Em levantamento realizado com venezuelanos que deixaram o seu país de origem, metade das famílias entrevistadas, 50,2%, disseram que enfrentaram ou continuam a sofrer riscos específicos durante as jornadas que fizeram por causa de suas idades, gênero, saúde ou outras necessidades.

Na pesquisa feita pela Agência da ONU para Refugiados, o Acnur, constam ainda outras razões para os riscos enfrentados. Entre elas, estão escolhas feitas para subsistir como mendicância, fazer suas crianças trabalharem e até mesmo ter que recorrer ao sexo para sobreviver. 

Venezuelanos na fronteira entre Equador e Peru
Venezuelanos na fronteira entre Equador e Peru, by Acnur/Hélène Caux

Resultados

Falando a jornalistas em Genebra, a porta-voz da agência, Elizabeth Throssell, explicou que os resultados foram baseados em 7.846 entrevistas conduzidas em diversos países da América Latina e do Caribe, entre janeiro e junho de 2019.

Para o levantamento, as pessoas responderam um questionário sobre as experiências de suas famílias.

Embora os governos da região tenham emitido várias permissões temporárias para os venezuelanos, 34% dos entrevistados disseram não ter nenhum tipo de documentação, seja porque entraram em um país irregularmente ou porque suas permissões expiraram. O restante tinha vistos turísticos ou temporários, e apenas 4% deles informaram ter obtido residência permanente.

Asilo

Dos entrevistados, 15% disseram ter pedido asilo e 26% que planejavam fazê-lo. Dos que não pretendem se candidatar, a maioria desconhecia os procedimentos e direitos existentes, com alguns erroneamente acreditando que pedir asilo os impediria de voltar para casa.

Segundo Throssell, é “importante notar aqui que, apesar do número relativamente baixo de pedidos até agora, os sistemas de asilo na região estão sobrecarregados.”

A porta-voz acrescentou que “cerca de 66% dos entrevistados disseram estar desempregados ou trabalhando informalmente, e 43% disseram ter enfrentado dificuldades em encontrar acomodação, principalmente devido à falta de fundos e documentos, assim como discriminação por causa de sua nacionalidade.”

Esforços

As entrevistas fazem parte dos esforços coordenados da Agência de Refugiados da ONU, municípios, organizações não-governamentais parceiras e ministérios do governo. Os países analisados foram Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, República Dominicana, Equador, Peru e Uruguai.

O objetivo é obter uma visão abrangente dos riscos de proteção e acesso limitado aos direitos enfrentados pelos venezuelanos em nações de trânsito ou destino, assim como suas necessidades.

De acordo com o Acnur, a coleta de informações detalhadas sobre proteção é essencial para garantir análises e respostas baseadas em evidências, coerentes e oportunas, e para identificar lacunas na prestação de cuidados e serviços.

Throssell acrescentou que a “pesquisa, que é conduzida usando uma ferramenta padronizada de monitoramento de proteção, já resultou em ações concretas, já que os entrevistadores podem encaminhar pessoas que identificam como em risco de ajuda e acompanhamento.”

De janeiro a junho, mais de 1.500 pessoas teriam sido encaminhadas para aconselhamento ou serviços dessa maneira.

Clique aqui para acessar a pesquisa.