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Europa tem a primeira onda de calor do ano BR

Estudo indica que infecções virais respiratórias, frequentemente, mostram alguma forma de sazonalidade
Foto: WMO
Estudo indica que infecções virais respiratórias, frequentemente, mostram alguma forma de sazonalidade

Europa tem a primeira onda de calor do ano

Clima e Meio Ambiente

Aquecimento provocado por massas de ar quente da África, estabelecem novos recordes de temperatura diurna e noturna para junho; para Organização Meteorológica Mundial, OMM, calor representa um risco para a saúde das pessoas e para o meio ambiente.

A partir de quarta-feira, vários países europeus, incluindo Áustria, França, Itália, Polônia e Suíça emitiram alertas de emergência, conhecidos por Alerta Amber, e em alguns locais alertas vermelhos de alto nível, para o calor que deve durar até o final do mês.

Mudança Climática

Para a Organização Meteorológica Mundial, OMM, é prematuro atribuir a excepcional e antecipada onda de calor às mudanças climáticas. A agência destaca, no entanto, que isso é consistente com os cenários climáticos que preveem eventos de calor mais frequentes, prolongados e intensos, já que as concentrações de gases de efeito estufa levam a um aumento nas temperaturas globais.

Em conversa com a ONU News, de São José dos Campos, no Brasil, o especialista em climatologia, previsão do tempo, El Niño-Oscilação Sul e interações oceano-atmosfera, Divino Moura, disse que a atribuição é difícil ser feita e que não é possível confirmar a ligação. Mas que, por outro lado, não se pode negar.

“A questão da mudança climática é extremamente complexa porque ela envolve uma série de fenômenos que ocorrem entre nuvens, na superfície, em relação com a floresta, com os oceanos com as geleiras, com os polos, polo Norte, polo Sul. Então, é um sistema extremamente complexo, não fácil de ser entendido. Mas, do ponto de vista físico básico faz sentido você ter eventos extremos mais prenunciados no que eu chamaria entre aspas, de “um mundo mais quente”. Ou seja, de uma superfície do planeta mais aquecida.”

European #heatwave pic.twitter.com/KsBy4bNmfv

— WMO | OMM (@WMO) June 27, 2019

Temperaturas

De acordo com a OMM, temperaturas acima de 40°C foram registradas em alguns lugares no norte da África. Preocupações sérias foram levantadas sobre o bem-estar dos jogadores na atual Copa das Nações Africanas, no Egito, como consequência do calor extremo.

Na Europa, a Espanha foi o primeiro país a ser atingido pelo calor intenso, acompanhado por um influxo de poeira do Deserto de Saara. A situação se espalhou gradualmente para outros países da Europa central.

Relatos de agência de notícias informam que o território espanhol enfrenta o maior incêndio florestal dos últimos 20 anos e que em algumas áreas, a previsão é que as temperaturas cheguem a mais de 44°C.

Expectativa

Segundo o centro regional de Offenbach, da Alemanha, a expectativa é que as  temperaturas na Europa central fiquem entre 3°C e 6°C acima da média de longo prazo e entre 1°C e 3°C acima da média em relação às áreas remanescentes. Uma temperatura máxima diária acima de 30°C é esperada para a maior parte da área durante a maior parte do tempo.

O centro regional de Offenbach também fez um alerta de que em algumas regiões, a seca pode acompanhar a onda de calor, especialmente na Europa Oriental. Ao mesmo tempo, frequentes tempestades com granizo são esperadas na Europa Central e do Sudeste.

Calor

Há ainda um risco de estresse por calor para pessoas vulneráveis ​​e de incêndios florestais.

Já a Meteo-France informou que as temperaturas entre 26 e 28 de junho podem ultrapassar os 40°C, um nível também testemunhado em parte da Espanha. O mês de junho também teve quebrados vários recordes de temperaturas máximas e mínimas durante o dia e a noite.

Na cidade de Nice, por exemplo, as temperaturas noturnas de 24 e 25 de junho não caíram abaixo de 25 °C.

Divino Moura, ganhador do maior prêmio cientifico da OMM.
Divino Moura, ganhador do maior prêmio cientifico da OMM., by Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe - Brasil

Verão

A OMM aponta que a onda de calor na Europa segue episódios de extremo calor em países como Austrália, Índia, Paquistão e partes do Oriente Médio em 2019. A agência da ONU destaca que outros eventos desse tipo devem ocorrer neste verão no hemisfério norte. 

Os eventos de calor matam milhares de pessoas todos os anos e frequentemente desencadeiam eventos secundários, como incêndios florestais e falhas nas redes elétricas.

Para Moura, que também é chefe do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais, Inpe, este cenário torna o investimento em serviços de meteorologia ainda mais importante.

“É extremamente importante, porque eu diria, nossa atividade humana, principalmente aqui no caso dos países tropicais, no Brasil, você tem uma agricultura pujante, muito firme, e ela depende extremamente do que chove, se chove, e das temperaturas. Porque uma agricultura de mais precisão, mais acurada, ela está sintonizada a certos valores do clima atual. Você tendo mudança nisso aí você perturba o sistema produtivo agrícola, por exemplo. Outro caso também nos recursos hídricos. Se você tiver um desvio de onde ocorre as chuvas, em uma certa bacia ou outra bacia, você vai ter a questão dos investimentos em reservatórios e geração hidrelétrica diferenciado. Então, é extremamente importante você investir em medições, em redes de observação, em estudos, claro, sobre o que acontece com o tempo e com o clima.”

Prêmio

Entre 2000 e 2016, de acordo com a OMM, o número de pessoas expostas a ondas de calor em todo o mundo aumentou em cerca de 126 milhões. Para a agência, a urbanização agrava o problema.

Estre os principais riscos para a saúde estão fatores como insolação, desidratação, problemas cardiovasculares e outras doenças relacionadas.

Este ano, o brasileiro Antonio Divino Moura, foi escolhido pela OMM para receber o principal prêmio científico da instituição “pelo excelente trabalho em meteorologia e climatologia e sua liderança na ciência”.