General brasileiro tem ação contra o ebola na RD Congo como “prioridade máxima”
Para comandante da Força da Missão da ONU na República Democrática do Congo, surto ativo piora complexidade da operação de paz; proteção de trabalhadores humanitários ocorre em paralelo ao combate a dezenas de grupos.
O general brasileiro que comanda a Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo, Monusco, lidera as ações para proteger a população de atividades de dezenas de grupos armados no país.
Mas a “maior complexidade” da operação de paz atualmente é para Elias Rodrigues Martins Filho, atuar ao mesmo tempo na defesa dos trabalhadores humanitários que apoiam o combate ao surto de ebola. Desde agosto de 2018 a doença afeta as áreas do leste do país.
Técnicas
Falando à ONU News, em Nova Iorque, o oficial destacou que no contexto particular congolês devem ser aplicados conhecimentos que vão além das puras técnicas e táticas militares. Um total de 15.134 tropas e 600 observadores militares internacionais atuam no país africano.
“Nós temos desdobrado tropas adicionais nas áreas onde esse vírus está sendo combatido, com dois objetivos principais. Primeiro, proteger os humanitários, porque eles são os líderes nesse processo. Os humanitários que estão lá, vindos do mundo inteiro, estão conduzindo os seus trabalhos, num ambiente operacional difícil, e muitas vezes sofrendo hostilidades da própria população. E, num segundo momento, as nossas tropas estão lá para combater os grupos armados que atuam na área, que, desrespeitando todo esse processo, vêm atacar a própria população e em particular, os próprios humanitários.”
Atividades
Atuar para maximizar o combate à doença e minimizar a ação de grupos armados significa melhorar a execução de atividades militares, principalmente nas áreas de Beni e Butembo.
“Então, nós temos sido, eu diria a você, bastante eficientes na proteção desses humanitários, tanto na região de Beni como agora em Butembo, mas é algo que demanda uma atenção toda especial. Você está certo, uma crise dessas pode causar muito mais mortes do que os próprios combates que nós estamos vivendo na região. E é por isso que nós estabelecemos o suporte à crise do ebola como a nossa prioridade máxima na área da missão.”
Em abril, ocorreram em Butembo vários ataques a funcionários e instalações de saúde. Em uma dessas ações morreu o médico Richard Mouzoko, especialista em tratar a doença.
Sucessos
Elias Rodrigues Martins Filho disse que a missão tem obtido vários sucessos, mas lembrou que a complexidade do Congo e as dimensões do país não permitem que as forças estejam em todos os lugares.
Desde o início do surto, mais de 1,5 mil pessoas morreram devido ao ebola no leste da RD Congo, onde agências das Nações Unidas e entidades internacionais atuam sob a liderança das autoridades congolesas.