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Guterres elogia ação climática dos países do Pacífico

Durante a reunião de líderes do Fórum das Ilhas do Pacífico, nas ilhas Fiji, Guterres recordou que esta região está na linha de frente da mudança climática.
Foto: ONU/Mark Garten
Durante a reunião de líderes do Fórum das Ilhas do Pacífico, nas ilhas Fiji, Guterres recordou que esta região está na linha de frente da mudança climática.

Guterres elogia ação climática dos países do Pacífico

Clima e Meio Ambiente

Em primeira visita enquanto secretário-geral à região, chefe da ONU deixa vários alertas; mudança climática traz “riscos claros para a paz e a segurança internacionais”; já há mais deslocados por eventos climáticos extremos do que por conflitos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para “os impactos cada vez mais severos da mudança climática” e as “ameaças cada vez mais profundas aos oceanos e mares do mundo.”

Durante a reunião de líderes do Fórum das Ilhas do Pacífico, nas ilhas Fiji, Guterres recordou que esta região está na linha de frente da mudança climática. 

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Ameaças

O secretário-geral lembrou que o aumento do nível do mar em alguns países do Pacifico é quatro vezes maior do que a média global e é “uma ameaça existencial para alguns Estados insulares.”

Nesta primeira viagem à região como chefe da ONU, Guterres recordou os impactos dos ciclones tropicais Gita, Josie e Keni, e de erupções vulcânicas e terremotos, juntamente com outros eventos climáticos extremos, que “dão ampla evidência da vulnerabilidade da região.”

O secretário-geral alertou que a tendência é de agravamento, com a salinização da água e culturas a colocar em risco a segurança alimentar e o aumento do impacto na saúde pública.

Guterres elogia ação climática dos países do Pacífico

Segurança

Outro ponto abordado foi o facto da mudança climática acarretar “riscos claros para a paz e a segurança internacionais.” 

Segundo Guterres, os especialistas em assuntos militares “vêm claramente a possibilidade de os impactos climáticos aumentarem as tensões sobre os recursos e os movimentos de massa das pessoas”, uma vez que à medida que áreas costeiras ou áreas degradadas do interior se tornam inabitáveis, “as pessoas buscarão segurança e vida melhor em outros lugares.”

A ONU estima que, em 2016, mais de 24 milhões de pessoas em 118 países e territórios foram deslocadas por desastres naturais, isto é, três vezes mais do que as pessoas que foram deslocadas por conflitos.

Ação Climática

Na sua intervenção, Guterres aproveitou para destacar a ação dos países do Pacifico, região que para ele está a desenhar “uma longa história de adaptação e conhecimento ecológico tradicional, estando na vanguarda das negociações sobre o clima global.”

O secretário-geral lembrou que o aumento do nível do mar em alguns países do Pacifico é quatro vezes maior do que a média global.
O secretário-geral lembrou que o aumento do nível do mar em alguns países do Pacifico é quatro vezes maior do que a média global.ONU/ Eskinder Debebe

Elogiou também a sua liderança na conferência climática do ano passado em Katowice, na Polónia, apoiando o relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima sobre os impactos do aquecimento global de 1,5 graus. 

Sem a intervenção deste bloco de países, Guterres considera que  “os líderes políticos não teriam reconhecido a necessidade de lidar com as perdas e danos causados ​​pelas mudanças climáticas.”

Compromisso

O chefe da ONU reiterou o compromisso da ONU em apoiar a sua resposta às mudanças climáticas e “em reverter as tendências negativas que puseram suas culturas e sua própria existência em risco.”

Ele enfatizou que a mudança climática é também “uma ameaça ao bem-estar dos oceanos, tão críticos para as economias e tradições do Pacífico”, numa altura em que os oceanos “estão a aquecer e a ficar mais ácidos, causando o branqueamento dos corais e reduzindo a biodiversidade.”

O aquecimento global de 1,5 graus Celsius causaria graves danos aos recifes tropicais. Caso os níveis de aquecimento atinjam 2 graus Celsius ou mais, Guterres não tem dúvidas que “seria catastrófico para a vida marinha e para os humanos.”

A pesca excessiva, o crescimento de desertos submarinos, a extinção de espécies, a poluição marinha são alguns dos fatores que podem condenar os ocenos para além das 8 milhões de toneladas de resíduos plásticos prejudiciais que acabam nos oceanos todos os anos.

O secretário-geral alertou que a tendência é de agravamento, com a salinização da água e culturas a colocar em risco a segurança alimentar e o aumento do impacto na saúde pública.
O secretário-geral alertou que a tendência é de agravamento, com a salinização da água e culturas a colocar em risco a segurança alimentar e o aumento do impacto na saúde pública.Pnud Tuvualu/ Aurélia Rusek

Para enfrentar estas ameaças, Guterres pede “passos inteligentes e de longo alcance”, uma ação “alinhada com o Acordo de Paris e a Agenda 2030, e que faz uso total de ferramentas como a Convenção sobre o Direito do Mar.”

Ele considera que já há planos para isso e apela à urgência de implementação, uma mensagem que entregará aos líderes mundiais que se reunirão na Cimeira do Clima, em Nova Iorque, em setembro próximo.

Mensagens

Esta será a oportunidade, diz o chefe da ONU, para os países aumentarem suas promessas para parar o aumento das emissões até 2020 e reduzir drasticamente os níveis de dióxido de carbono libertados na atmosfera para alcançar emissões zero até meados do século.

Guterres terminou o seu discurso explicando os passos que devem ser dados para uma ação climática eficaz. Para ele, é necessário transferir os impostos dos salários para o carbono e parar de subsidiar os combustíveis fósseis.

Para além disso, na sua visão, é fundamental parar de construir centrais a carvão.