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Guterres pede que líderes árabes superem divisões e encerrem conflitos

O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursa na Cúpula da Liga dos Estados Árabes em Manama, no Bahrein
ONU News
O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursa na Cúpula da Liga dos Estados Árabes em Manama, no Bahrein

Guterres pede que líderes árabes superem divisões e encerrem conflitos

Paz e segurança

Em discurso na Cúpula da Liga Árabe, secretário-geral da ONU abordou os conflitos em Gaza, Sudão, Líbia, Iêmen e Síria; ele destacou que as divisões dão lugar à interferência de partes externas, alimentando conflitos, tensões sectárias e “desencadeando o terrorismo, embora involuntariamente”. 

Na Cúpula da Liga dos Estados Árabes realizada nesta quinta-feira em Manama, no Bahrein, o secretário-geral da ONU enfatizou a importância da unidade no mundo árabe para superar os desafios históricos e promover a paz e a prosperidade. 

António Guterres destacou a crise em curso em Gaza, apelando a um cessar-fogo humanitário imediato e pela entrada de ajuda humanitária. O líder das Nações Unidas também abordou os conflitos no Sudão, Líbia, Iêmen e Síria, apelando por esforços de paz. 

Conflitos que assolam a região

Sobre o Sudão, Guterres disse que a “guerra arrasadora lançou metade da população do país numa queda livre humanitária”. Ele afirmou que após um ano de conflito entre o Exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido, RSF, milhares de pessoas foram mortas e 18 milhões de sudaneses enfrentam a “terrível ameaça da fome”. 

O chefe da ONU apelou às partes em conflito para que cheguem a um acordo sobre um cessar-fogo permanente, seguido de um processo político que inclua grupos como mulheres e jovens. 

O secretário-geral sublinhou também a necessidade de proteger o “frágil processo político” tanto na Líbia como no Iêmen. Além disso, ele apelou a todos os sírios para que trabalhem com um “espírito reconciliador, celebrem a rica diversidade do povo sírio e respeitem os direitos humanos de todos”.

Guterres lembrou que quando era alto comissário para os refugiados, testemunhou a “enorme generosidade do povo sírio” e lamenta ver o país agora com “tanto sofrimento e com partes do seu território ocupadas, com vários atores externos envolvidos”.

Cena após o bombardeio em Aleppo (outubro de 2023)
Ocha/Ali Haj Suleiman
Cena após o bombardeio em Aleppo (outubro de 2023)

Reformas no sistema multilateral

O secretário-geral abordou outras "crises globais esmagadoras", incluindo a emergência climática, a crescente desigualdade, a pobreza, a fome, os níveis exorbitantes de dívida e as novas tecnologias, incluindo a inteligência artificial, que “escapa dos mecanismos de governança e regulação”.

Ele disse que são necessárias reformas profundas no sistema multilateral global, desde o Conselho de Segurança até a arquitetura financeira internacional, para que ele se torne “verdadeiramente global e representativo da realidade vivida nesta época”.

Guterres afirmou ainda que a Cúpula do Futuro, que será realizada em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, representa uma “oportunidade valiosa” para gerar impulso no sentido de um sistema multilateral “mais interligado e inclusivo”.

O perigo das divisões

Para Guterres, a unidade é a única “condição básica para o sucesso” no mundo de hoje. Ele afirmou que as divisões dão lugar à interferência de partes externas, alimentando conflitos, tensões sectárias e, assim, “desencadeando o terrorismo, embora involuntariamente”.

Dirigindo-se aos líderes árabes participantes na Cúpula, O líder da ONU acrescentou que estes são “obstáculos que impedem a realização do desenvolvimento pacífico e a garantia do bem-estar dos povos”. 

O secretário-geral disse que a unidade e a solidariedade em todo o mundo árabe fariam com que a “voz desta região de vital importância fosse ouvida com mais força e aumentariam a sua influência no cenário global".