São Tomé e Príncipe defende multilateralismo reinventado e mais solidário
Em discurso na tribuna da Assembleia Geral das Nações Unidas, chefe do governo do arquipélago disse que é preciso reconhecer falha coletiva, aumentar acesso a recursos financeiros e reformar as instituições internacionais; Patrice Trovoada lembrou que os pequenos estados ilhas sofrem com perturbações climáticas.
O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe discursou nesta quarta-feira na Assembleia Geral da ONU. Patrice Trovoada destacou problemas estruturais e assimetrias que dificultam a realização dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODS.
O chefe de governo são-tomense enfatizou os desafios vivenciados por pequenos Estados insulares em desenvolvimento, como é o caso de São Tomé e Príncipe.
Vítima das alterações climáticas
“O meu país, um pequeno Estado insular que goza de uma democracia efetiva há mais de 30 anos e que ainda está em desenvolvimento, é uma das principais vítimas das alterações climáticas, da degradação dos ecossistemas e da dependência econômica.”
Segundo Trovoada, o país vive “uma situação de verdadeira urgência econômica e financeira a curto prazo.”
Ele afirmou que apesar de alguns avanços em relação aos 17 ODS, os obstáculos incluem desafios estruturais e o fato de que “a falta de confiança nas instituições democráticas por parte das populações é cada vez maior.”
O primeiro-ministro afirmou que, para além dos discursos, os líderes das várias nações representadas na Assembleia Geral, deveriam questionar e reconhecer “as falhas em proteger o planeta e garantir a prosperidade partilhada até 2030.”
Perda de confiança institucional
“Não devemos hesitar em apontar o dedo aos responsáveis pelas perturbações climáticas no seio do G20, ou aos órgãos de governação econômica mundial que continuam a ignorar os nossos objetivos sociais e ambientais, nomeadamente, negando-nos o acesso a recursos financeiros em quantidades e condições razoáveis.”
Ele disse que “os problemas de países pobres tendem a tornar-se também os problemas dos países ricos.” Dentre eles, as disparidades demográfica e econômica, a desregulamentação climática e a perda de confiança institucional.
Esperança que persiste
Sobre paz e segurança, o chefe de governo disse que São Tomé e Príncipe fez uma “condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia clara e sem hesitações, pois o país respeita o direito internacional e a Carta das Nações Unidas.”
Ele também citou com preocupação o fato de que “os golpes de Estado e as tentativas de subversão da ordem constitucional são cada vez mais frequentes.”
Patrice Trovoada disse acreditar que “existe esperança” por meio da reforma das instituições, a começar pelas Nações Unidas e pelas instituições de Bretton-Woods, para alcançar um multilateralismo “reinventado e mais solidário.”
O primeiro-ministro reafirmou “o firme compromisso” de São Tomé e Príncipe de colaborar com iniciativas que visem “erradicar todos os atos desumanos, degradantes para os seres vivos e o ambiente, e prejudiciais aos valores humanistas e de liberdade.”