ONU elogia abertura de passagem para entrada de ajuda humanitária a Gaza
Escritório dos Assuntos Humanitários pede medidas para garantir segurança de funcionários na área; especialistas de direitos humanas querem que ações armadas de israelenses e palestinos sejam investigadas pelo Tribunal Penal Internacional.
As Nações Unidas saudaram, esta terça-feira, a abertura pelas autoridades israelenses da passagem Kerem Shalom para entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
O Escritório da ONU para os Assuntos Humanitários, Ocha, pediu ainda que seja permitida a entrada de trabalhadores humanitários a partir de um segundo ponto de passagem.
Medidas
O porta-voz do Ocha, Jens Laerke, disse a jornalistas em Genebra que é essencial que a passagem de Erez permita a entrada e saída de pessoal humanitário. Além disso, devem ser tomadas medidas para garantir a segurança nos movimentos destes trabalhadores em Gaza.
No Egito, os pontos abertos a passageiros incluem Rafah e Salah Ad Din e dão acesso à área onde se calcula que 800 mil pessoas não têm acesso regular a água potável.
A situação continua a piorar com limitações no fornecimento de energia para um período entre seis e oito horas por dia. Várias linhas de fornecimento não estão funcionando, interrompendo a prestação de cuidados de saúde e outros serviços básicos, como água, higiene e saneamento.
O principal local para a eliminação de resíduos sólidos na Faixa de Gaza foi temporariamente fechado após atentados de 15 de maio. Agora, esses disperdícios estão se acumulando em uma subestação no centro da cidade de Gaza. A usina de dessalinização de água do Mar do Norte não está operacional, uma situação que compromete o acesso a água potável.
Direitos
Ainda nesta terça-feira, sete peritos de direitos humanos* apelaram à comunidade internacional que exija o fim imediato da violência e aja de forma decisiva para lidar com negação dos direitos coletivos e individuais do povo palestino.
O pedido a ambos os lados é que cumpram estritamente suas responsabilidades de acordo com o direito internacional, especialmente o de proporcionalidade e necessidade.
A nota realça que não há justificativa, incluindo contra terrorismo ou autodefesa, para apoiar uma “abdicação generalizada das obrigações das Partes de obedecer estritamente ao Direito Internacional Humanitário.”
Para os especialistas as “ações de grupos armados israelenses e palestinos devem ser investigadas pelo Tribunal Penal Internacional”.
Hospitais
No terreno, a Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos, Unrwa, disse que somente na Faixa de Gaza 18 hospitais foram danificados e 47 mil deslocados foram alojados em 58 escolas.
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, começou a fornecer assistência emergencial para apoiar as famílias, em meio a receios da baixa de estoques de comida e aumento dos preços.
Mais de 51 mil pessoas terão apoio financeiro da agência da ONU, que atua com parceiros no norte de Gaza. O custo dos produtos frescos já está subindo, pois os agricultores não conseguem chegar às suas terras.
Saúde
O conflito também afetou o setor de saúde, segundo o chefe da Organização Mundial da Saúde, OMS. Dezenas de incidentes afetaram profissionais de saúde e suas instalações. Além disso, o teste de Covid-19 e a vacinação foram severamente afetados resultado em riscos para o mundo como um todo.
O diretor-geral Tedros Ghebreyesus sublinhou que a proteção dos profissionais e centros de saúde é um imperativo em todas as circunstâncias, ao enfatizar que o direito internacional humanitário deve ser totalmente respeitado.
O chefe da OMS chamou a atenção particular para a questão dos profissionais de saúde e da infraestrutura que devem ser sempre protegidos ao pedir aos líderes de todos os lados que garantam o respeito pelas leis humanitárias vitais.