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Instituto Alana: “A criança é o símbolo que une todos os ODS”

Ana Lucia Vilella e Marcos Nisti compartilharam histórias sobre iniciativas que enfatizam a educação infantil e o meio ambiente

A criança para mim é um jeito fácil de unir todos os ODS, porque quando você vai trabalhar com os direitos de infância, você se depara com todos os ODS no fim. 

Ana Lucia Vilella , pedagoga e ativista social

ONU News
Ana Lucia Vilella e Marcos Nisti compartilharam histórias sobre iniciativas que enfatizam a educação infantil e o meio ambiente

Instituto Alana: “A criança é o símbolo que une todos os ODS”

ODS

Instituto Alana desenvolve projetos orientados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU; em entrevista para o Podcast ONU News, presidente e vice-presidente da instituição falam de conexão das crianças com a natureza, inovações para mapear a biodiversidade das florestas, série de TV sobre ativismo ambiental e apoio a pesquisas em Síndrome de Down. 

Com base em um trabalho multisetorial que alia tecnologia, inovação, produção audiovisual, ativismo social e defesa dos direitos das crianças, o Instituto Alana enfatiza a importância da Agenda 2030 das Nações Unidas, destacando a importância da conexão com a natureza no combate à crise climática. 

Para a presidente e o vice-presidente do Instituto que integra o Pacto Global da ONU, o trabalho com os direitos da infância revela a interdependência entre todos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODS. Eles defendem que as crianças são as mais vulneráveis e as mais afetadas pelas crises que o mundo enfrenta. 

Em entrevista ao Podcast ONU News, Ana Lucia Villela e Marcos Nisti compartilham o trabalho da organização brasileira que atua em frentes como educação, ciência, entretenimento e incidência política com projetos vinculados a pelo menos uma das metas globais. 

Eles falaram também sobre a importância de aumentar a conexão das novas gerações com a natureza, a força do entretenimento para promover a preservação ambiental e os impactos positivos da inclusão nas escolas. 

Confira a entrevista com Felipe de Carvalho.

ONU News: Uma das mensagens mais importantes do Instituto Alana tem sido a de que, além daquilo que se chama tripla crise planetária, que é perda de biodiversidade, mudança climática e poluição, existe também um quarto elemento, que é a desconexão com a natureza. Ana Lucia, você que é pedagoga e especialista em educação, quais são as melhores estratégias para fazer as crianças preservarem essa conexão com a natureza?

Ana Lucia Villela: Eu acho que são muitas, mas acho que é fazer com que elas tenham contato com a natureza. Nesse sentido de deixar as crianças livres para terem contato fora de apartamento, salas de aula etc. Não ficarem só encaixotadas dentro de um carro, de um ônibus e não terem contato com as árvores, com a biodiversidade de alguma forma, nem que seja um gramadinho, com uma arvorezinha formiguinha, um vasinho, enfim. Brincar com o gato, com o cachorro. Mas é muito importante que a criança, desde muito cedo crie essa empatia pela vida e por todos os seres que estão a sua volta. E para isso, claro, que no mundo ideal seria muito bom poder ir para outras áreas de parque, áreas de floresta, para o meio rural, onde ela poderia estar muito mais exposta à natureza nesse sentido da natureza de folhas, fauna, flora, etc.

Mas é possível fazer isso na cidade também. A gente tem que fazer necessidades que a maior parte das crianças no mundo estão nas cidades. Então, vamos lembrar disso sempre e lembrar de olhar para o céu, lembrar de olhar para as plantinhas que estão em casa, plantar as ervinhas que vai colocar na comida dentro da nossa casa. 

Há muitas formas, a gente gosta de falar na Alana que a gente precisa realmente desemparedar muitas escolas, voltar a colocar mais terra, planta, bichinhos, enfim, para a criança ter sempre no dia a dia dela esse contato.

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ONU News: E nesse mundo que a gente vive, que as crianças estão sempre rodeadas pelas tecnologias, pelas redes sociais, isso é um obstáculo ou também tem caminhos através dessas plataformas para criar essa educação ambiental? Como é que vocês lidam com essa pressão do ambiente digital sobre as crianças nos projetos de vocês?

Ana Lucia Villela: Acho que é uma preocupação muito grande nossa e a segurança no ambiente digital, mas tirando isso, faz parte do mundo hoje esse acesso. É claro que a gente tem que tirar proveito de tudo isso. Eu acho que para criança muito pequena talvez não ainda. Ela está se formando muito mais importante para ela interagir com as pessoas.

E é a partir do contato dela com essa natureza toda do brincar criativo, livre, tendo contato com coisas tridimensionais que ela vai realmente poder se desenvolver da melhor forma possível. Agora, as telas estão aí, fazem parte da vida e a gente quando é pequena, claro que tem que limitar esse tempo. E como disse, me preocupo com a segurança, é uma coisa que a gente vem trabalhando bastante e ao longo da vida. Eu não tenho dúvida de que a internet pode também estar ao nosso favor, as tecnologias todas a nosso favor. Até porque quando a gente se olha, a gente tem que ensinar isso para as crianças, adolescentes, que muitas das soluções para as questões que a gente vive e vamos começar pelas ambientais, vão passar também pela tecnologia, que vão poder escalar soluções para a gente.

A gente já tem feito isso, então olhar também, trazer a criança para esse olhar de que coisa bacana que é a tecnologia, quando a gente faz um bom uso delas. Elas que elas vão poder pesquisar sobre coisas incríveis, aprender sobre coisas incríveis, a gente tem que fazer esse uso da tecnologia enquanto a criança e adolescente... Falar com quem a gente nunca teria acesso caso não tivesse tecnologia. É incrível o que a gente pode fazer, mas promovendo esse ambiente seguro. Isso é muito importante dizer.

ONU News: Marcos, esse falando em tecnologia, a gente sabe que para preservar as florestas a gente precisa de vontade política, investimento, mas também de inovação. E o Instituto Alana está apoiando XPRIZE Florestas Tropicais, você poderia compartilhar um pouco mais com a gente sobre como está sendo esse processo, as etapas que já aconteceram e a reta final que vai acontecer no Brasil, óbvio.

Marcos Nisti: É um assunto que a gente adora falar. A Ana foi convidada para fazer parte. Foi a primeira mulher da América Latina a fazer parte. E a gente começou a frequentar as reuniões e a gente acredita muito que o dinheiro que a gente envolve em filantropia, você tem que depositar o seu dinheiro de uma fundação familiar. A gente acha que esse recurso tem que ser posta pouco mais na fronteira do risco.

O mundo não é mais urgente e emergente. Então a gente tem que arriscar nesse universo. A gente acreditou que o Xpress poderia ser uma solução para a biodiversidade, para proteção das florestas.

Mesmo porque, no caso da Amazônia, por exemplo, 29 milhões de pessoas vivem lá e a gente precisa levar riqueza, elas, a gente se elevar a condições de vida. Ela é a região mais pobre, menos favorecida do Brasil. uma das reuniões que aconteceram, foi o foco foi em Israel. A Ana fez o pitch de um de um projeto de floresta.

O XPRESS já tinha desenvolvido um trabalho de estudos sobre a melhor solução tecnológica a ser buscada para a gente manter a biodiversidade, para manter a possibilidade de uma bioeconomia, explorar essa floresta com ela em pé, mantendo a floresta viva. A gente fez o pitch para fazer um prêmio, onde a gente garantiu o financiamento dele. A gente fez o pitch em setembro e novembro foi anunciado o lançamento. Isso foi em 2019; 300 equipes no mundo inteiro e mais de 70 países se inscreveram.

Foi um processo de cortes e um processo interessante, porque a partir do momento que as equipes vão saindo, membros dessas equipes vão sendo aproveitados por equipes que vão ficando. Um pedaço da tecnologia é aproveitado por equipe que fica também. Você vai construindo um quebra cabeça e aquilo vai acelerando esse conhecimento. 

Esse ano a gente teve as semifinais em Cingapura e nessas semifinais a gente teve seis equipes classificadas. E a boa notícia que hoje você tem seis novas tecnologias são sistemas tecnológicos. Não tem uma bala de prata. É um conjunto de tecnologias para você mapear a biodiversidade daquela área de uma área grande da floresta, com escala para fazer esse mapeamento.

Ana Lúcia se tornou a primeira mulher da América Latina a fazer parte do Conselho de Inovação da Fundação X-Prize
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Ana Lúcia se tornou a primeira mulher da América Latina a fazer parte do Conselho de Inovação da Fundação X-Prize

Ana Lucia Villela: Para fazer uma analogia rápida, a vontade era de fazer um Google Maps da floresta. Conseguir ver desde o solo até a copa da árvore tudo o que tem ali. Você consegue ver então que espécie está vivendo ali e com fazer de fato uma biblioteca dessa floresta.

Marcos Nisti: A gente está com seis sistemas tecnológicos hoje que não existiam antes, essa é a grande vantagem desse tipo de prêmio, porque ele antecipa as soluções. Essas soluções viriam mais cedo ou mais tarde. Mas a gente garantiu que ela venha mais cedo. Dessas seis equipes, tem uma equipe brasileira que engloba oito universidade brasileiras. 

Você tem brasileiros espalhados pelas outras equipes também. E a boa notícia que a gente conseguiu recentemente as finais no Brasil, em 2024, no Amazonas. Outra coisa muito importante também que a gente vai ter uma equipe vencedora, mas a gente tem seis tecnologias muito consistentes para se isso, para se firmarem como uma solução. Apesar de você ter um ganhador, vai ter uma disponibilidade de um novo sistema tecnológico que hoje não existe. Todo mundo vai ganhar. As equipes ganham, o conhecimento ganha, a floresta ganha, gente que precisa da floresta, ganha a biodiversidade.

E é essa foi a nossa aposta. E foi muito interessante, porque como eu disse anteriormente, é uma aposta de risco, mas a gente está superfeliz com o resultado que vem dela. 

ONU News: Muito interessante. Como você colocou, contribui muito para o avanço do conhecimento numa área que às vezes falta inovação e falta investimento. Ana Lucia, um dos temas centrais do trabalho do Alana são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que são a agenda central aqui nas Nações Unidas. Na sua experiência, como é que a garantia dos direitos das crianças contribui para vários desses objetivos simultaneamente?

Ana Lucia Villela: Olha, eu falava hoje de manhã sobre a interdependência. Eu acredito que os ODS, para funcionarem, todos têm que acontecer. A criança para mim é um jeito fácil de unir todos os ODS, porque quando você vai trabalhar com os direitos de infância, você se depara com todos os ODS no fim. Você pode trabalhar mais e se enfocar num ou noutro trabalho, mas para a espécie humana estar bem tudo aquilo tem que acontecer muito bem e muito rápido. 

Então, a criança para mim é quase que um lembrete todos os dias sobre o que a gente precisa fazer, a urgência de tudo isso para hoje e para as crianças que são as mais vulneráveis e as mais afetadas. Quando a gente deixa de fazer tudo o que a gente não está fazendo, e por que elas são a geração futura, o que a gente quer deixar de herança e como será a humanidade. Para mim, a criança é o símbolo que une todos os ODS. 

Marcos Nisti: Além de que lá, no Alana, a gente fala que é bom para criança é bom para todo mundo. Então, se serve para a criança serve para todo mundo. Na realidade, não é buscar só uma vida melhor para ela.

Ana Lucia Villela: Sabe a coisa da calçada? Se o carrinho de bebê consegue passar pela calçada, vai ser uma calçada inclusiva e que qualquer pessoa consegue andar bem, qualquer cadeira de rodas consegue passar. Quando você pensa sobre a cidade ou qualquer coisa, sobre o olhar o que é bom ou não para criança, é bom para todo o mundo sem sombra de dúvida. Imagina uma internet ter sido construída pensando na criança? Com essa premissa? A gente não estaria hoje com todas essas questões que a gente está vivendo.  É um pouco esse pensamento. A lógica é essa. 

Clara ( Thainá Duarte ), Verônica ( Taís Araújo ), Natalie ( Débora Falabela ) e  Luiza ( Leandra Leal ) no Garimpo Eldorado, da série Aruanas.
Globo/Fábio Rocha
Clara ( Thainá Duarte ), Verônica ( Taís Araújo ), Natalie ( Débora Falabela ) e Luiza ( Leandra Leal ) no Garimpo Eldorado, da série Aruanas.

ONU News:  É sem dúvida um prisma que torna as soluções mais claras. A gente que trabalha com notícias aqui na ONU acompanha que as crianças são as mais afetadas por conflitos, são as mais vulneráveis à crise climática e a uma série de vulnerabilidades... Marcos, agora, mudando porque o Alana trabalha em várias frentes, mas também em entretenimento, a respeito da série Aruanas, que foi um sucesso na televisão brasileira, você considera que essa série foi o marco  para fortalecer o ativismo ambiental no Brasil?

Marcos Nisti: Foi. Eu digo que foi e não é um achismo. A gente fez a série e 35 milhões de pessoas assistiram em duas temporadas. A Globo foi muito generosa com o  elenco que se deu para gente e com as condições de produção que a gente teve. As pesquisas todas apontaram para isso. Aquelas pesquisas que a gente faz depois de um produto que a gente lança. A gente teve 0,5% de rejeição no conteúdo para a série. Na época, aquela série foi lançada no país extremamente polarizado. Não é que despolarizou, mas na época estava latente isso. Cerca de 91% simpatizaram com a causa dos ativistas e estão buscando alguma forma de contribuir. Isso foi reconhecido não só no Brasil, como em vários lugares do mundo. Aruanas foi um case nesse cenário. 

A Maria Farinha, que é a nossa produtora, ela busca justamente essa forma de se comunicar. A gente acha que não basta apenas mostrar dados ou convencer as pessoas pela cabeça. Você tem que chegar no coração, pegar na mão e levar para dentro do problema. A ficção e o entretenimento é uma ferramenta muito valiosa para isso. 

Não só para o movimento ambiental, mas outros movimentos também já tão chegando isso hoje. Você já tem várias organizações produzindo filmes e conteúdos audiovisuais. Isso para gente assim é um super atalho. Funcionou muito para o Alana. Quando a Ana teve a ideia de fazer o nosso primeiro filme, a gente se apresentava via PowerPoint, e você falava com 40 ou 30 pessoas, ela teve a ideia de se falar com mais gente. A gente fez um filme barato há 15 anos atrás chamado “Criança muda o negócio”. O filme é hoje exibido em todas as escolas de pedagogia, em todas as escolas de psicologia e secundárias. É um filme pautado como tema do Enem e já foi o tema do Enem em 2014. E outros filmes. Eu consigo te contar histórias de vários outros filmes. Aruanas para a gente foi um marco. Foi a mais  assistida, uma série de mainstream. É uma série de entretenimento puro. Esse é o caminho que a Maria Farinha está buscando hoje. 

ONU News:  A produção foi muito pautada pela sustentabilidade nos figurinos...

Marcos Nisti: Em todos os produtos da Maria Farinha  não existe um que não esteja vinculado aos ODS. Pelo menos um. A gente trabalha para isso. Os projetos que a gente escolhe não vêm da cabeça da Ana ou da minha cabeça. Ou que saia da cabeça da Estela ou da Luana, as minhas sócias. São projetos que têm que estar vinculados as ODS. E isso para gente tem impacto positivo.  O positivo é o ODS e o impacto a audiência. Então, não adianta a gente quere falar ou querer buscar um prêmio ou focar em crítica. A gente quer falar com muita gente. É uma escolha consciente da produtora. Para a Maria Farinha. o impacto é a audiência e o positivo é o ODS. Então é uma produtora de impacto positivo.

A presidente do Instituto Alana, Ana Lucia Vilella, e o vice-presidente, Marcos Nisti
Instituto Alana
A presidente do Instituto Alana, Ana Lucia Vilella, e o vice-presidente, Marcos Nisti

ONU News: Ana Lucia, para a gente continuar nesse tour pelas várias frentes de atuação, gostaria que você comentasse esse apoio à pesquisa em síndrome de Down. A Alana também tem uma projeção internacional e tem parcerias com várias pesquisas, é um tema que é importante a ser falado...

Ana Lucia Villela: Quando a gente pensa em inclusão, na criança e na importância da inclusão, a  gente começou a investir em pesquisas porque há uns anos, quando nossa filha mais nova nasceu, a gente percebeu que existia muito pouca pesquisa e muito pouco investimento nessa área. Achei curioso. 

Quando eu vi que justamente a síndrome de Down era a  síndrome mais comum ao redor do planeta, por volta de uma em cada 400 pessoas tem síndrome de Down... É mais que uma Argentina em população. Essas pessoas estavam bastantes desassistidas em termos de não ter referências sobre o que é bom para o corpo e saúde delas, porque o corpo é muito diferente. Não existe estudo. 

Quando a gente começou a conversar com pesquisadores e médicos diziam ‘mas não sei se também vale a pena, porque é tão complexo’. Questionamos: ‘como assim? Como não vale a pena? A gente tem que começar. 

E aí começamos a investir nisso em pesquisas nas áreas especificamente. O que é muito interessante, porque de novo é a mesma lógica da criança: quando é bom para um é bom para o outro. A gente foi aprendendo cada vez mais o quanto essa frase é verdadeira. Posso lhe dar milhões de exemplos, mas quando a gente fez o Centro Alana de Síndrome de Down lá na MIT, o Max fez a primeira pesquisa para saber se existia qualquer coisa que aparecesse dentro do MIT, no site interno de pesquisa da universidade, para ver se aparecia alguma coisa relacionada à síndrome de Down. Esperava “alguma coisa vai aparecer aqui, alguma coisa, algum gadget, de alguma coisa de ciência, mas nada.” A palavra síndrome de Down não constava no site da universidade, que é tida como a melhor do mundo. 

Aquilo para a gente foi uma surpresa. É muito curioso que hoje você vai lá e já tem milhares de pesquisas nessa área. Não só, já estão colaborando por uma  vida melhor das  pessoas com síndrome de Down, como para quem não tem a síndrome de Down. Quando você começa a estudar o cérebro de uma pessoa com Down que possa ter Alzheimer, por exemplo, que tem muito em comum nas pessoas com Down, como a doença é um pouco mais acelerada  é mais fácil de fazer esse estudo. Isso contribui muito para as descobertas sobre Alzheimer. Então, você está beneficiando todo o ecossistema do estudo de Alzheimer, doenças do coração e assim por diante.

Quando a gente começou a estudar a inclusão das pessoas com Down nas escolas regulares ao redor do planeta, as pessoas com deficiência intelectual, e gente começa a entender se propôs a estudar mais isso, até a ONU tinha estudos sobre isso. Para a gente fazer essa advocacy e para falar que todas as pessoas com síndrome de Down têm que estar dentro das escolas, a gente tem que ter um embasamento. Vamos ver se é só bom para elas? E para os professores? E para os diretores? E para a comunidade escolar como é que é? É bom ou é ruim ter pessoas com deficiência intelectual dentro da sala de aula?

A gente fez uma pesquisa de pesquisas ao redor do mundo de sobre tudo o que existia sobre isso. A resposta é magnífica. É maravilhoso, não só para quem tem síndrome de Down - eles saem com mais conhecimento, mais segurança e les vão saber linguagem matemática etc. - como também para as pessoas que não têm nenhuma deficiência e convivem com elas dentro da sala de aula. As pessoas saem não só mais empáticas, que já era uma coisa que a gente previa, mas também elas saem melhor em linguagem, em matemática e em ciências.  

E o porquê disso? Porque quando você tem uma criança que precisa de uma atenção extra dentro da sala de aula, os colegas precisam explicar para ela e ao explicar você aprende demais. O  professor tem que ter outras didáticas para ensinar uma coisa. É  aí vai. Todo o mundo ganha muito. Então, isso é muito gostoso.

Quando você vai trabalhando com esses assuntos a gente vê que no fim tudo aquilo que a gente acredita, não é só porque é bonito. Tem um por quê lógico que realmente é muito melhor para todo mundo. A diversidade só ajuda a humanidade. No fim é isso.

E hoje tem uma coisa importante. O Cnpq está com edital aberto para uma ação de uma rede de Pesquisas no Brasil de síndrome de Down. Nesse exato momento. Obviamente que a gente não iniciou esse trabalho, mas tem vários pais diante da gente que vai ficar muito tempo. A gente só uma acelerada. 

ONU News:  Infelizmente está acabando nosso tempo, não? Foi uma alegria poder conversar com vocês aqui e reunir tantas áreas: ciências, educação, meio ambiente e com incidência política. Parabéns pelo trabalho do instituto e esse foco nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Foi um prazer para o Podcast ONU News conversar com os dois ao mesmo tempo aqui.